Após uma década, o delegado Fábio Peró deixou o comando do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros). Ele foi coordenador da Operação Omertá, que causou a derrocada e levou à prisão do poderosíssimo Jamil Name e ainda mirou dois deputados estaduais no combate ao jogo do bicho em Campo Grande.
As mudanças fazem parte do plano do novo delegado geral da Polícia Civil, Lupersio Degerone Lúcio. Ligado ao atual secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, ele substituiu Roberto Gurgel de Oliveira Filho, nomeado com adjunto da Secretaria Estadual de Administração.
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“Então, missão cumprida!”, reagiu Peró, que vai assumir um papel administrativo, o de coordenador de Assuntos Educacionais da Academia de Polícia Civil. O novo titular do Garras será o delegado Guilherme Scucuglia Cezar, que atuava na delegacia desde junho de 2022. Antes de integrar a equipe da tropa de elite da Polícia Civil, ele atuou no SIG (Serviço de Investigações Gerais) de Nova Andradina.
Cezar é formado em Direito no ano de 2012 pela Universidade Estadual do Norte do Paraná. Ele ingressou na Polícia Civil há 10 anos e almejava fazer parte da equipe do Garras desde 2017, quando participou de um curso de operações.
Fábio Peró teve a gestão marcada pela Operação Omertà, que levou para a cadeia empresários poderosíssimos, como Jamil Name, Jamil Name Filho, e Fahd Jamil, o Rei da Fronteira. Na ofensiva, a investigação chegou até o deputado estadual Jamilson Lopes Name (PSDB).
A investigação do Garras também levou outro deputado, o bolsonarista Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL), a ser alvo da Operação Sucessione, deflagrada pelo Gaeco. No entanto, ele entrou na mira após o Garras apreender 700 máquinas do jogo do bicho em uma casa no Bairro Monte Castelo.
O papel de Peró foi fundamental para desvendar os assassinatos do universitário Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, do empresário Marcel Hernandes Colombo, o Playboy da Mansão, e do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo.
Pelo primeiro, Jamil Name Filho, o guarda muniicpal Marcelo Rios e o policial civil Vladenilson Daniel Olmedo foram condenados a penas de 23 anos de prisão pelo júri popular. Jamilzinho e Rios vão ao segundo júri pela morte do Playboy da Mansão. A Justiça só rejeitou a denúncia contra eles pela morte de Figueiredo.
Além de Peró, o delegado João Paulo Sartori, que foi testemunha de acusação na Omertà e pelas execuções, deixou o cargo de adjunto do Garras para assumir o Departamento de Inteligência da Polícia Civil.