Alvo da Operação Jazida, o empresário conhecido como “Rei dos Bitcoins”, Ivan Felix de Lima, 46 anos, atingiu a marca de três investigações nas suas costas e poderia até pedir música no Fantástico, caso a homenagem não fosse restrita aos artilheiros do futebol brasileiro. A nova ofensiva apura superfaturamento em obras de pavimentação em Bataguassu, no leste do Estado.
Dono da GTX Construtora e Serviços Ltda, Ivan Lima é bastante conhecido pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A equipe do Ministério Público Estadual investigou o empresário nas operações “Pregão” e “Lucro Fácil”, ambas deflagradas em 2018. A primeira mirou esquema de fraude em licitações na Prefeitura de Dourados e a segunda, de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas.
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Agora é o DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) que examina os negócios do “Rei dos Bitcoins”. A Operação Jazida investiga superfaturamento na obra de pavimentação em Bataguassu, que começou a ser feita em 2022 e nunca foi concluída.
A construtora GTX foi contratada pela gestão de Akira Otsubo (MDB) para a pavimentação da rodovia conhecida como Reta A1, em Porto XV. O superfaturamento apurado é de R$ 728,5 mil.
A Justiça autorizou mandados de busca e apreensão em Campo Grande, bloqueio de mais de R$ 1 milhão e restrição dos veículos e dos seus representantes.
Ivan Felix de Lima, mesmo tendo virado réu por fraudes em licitações públicas e também por crime contra a economia popular, caso das bitcoins, segue de vento em popa com sua empreiteira.
O empresário, por meio de sua construtora, do fim de 2021 até ano passado, arrecadou em torno de R$ 100 milhões, por meio de licitações vencidas em ao menos seis prefeituras do interior de Mato Grosso do Sul, conforme apurou a reportagem de O Jacaré.
Ivan venceu concorrências por obras tocadas por sua empresa nas cidades de Ladário, Três Lagoas, Bataguassu, Nova Alvorada do Sul, Deodápolis e Ivinhema, conforme publicados em diários oficiais destes municípios.
As encrencas
Em abril de 2018, Ivan foi implicado em escândalo de pirâmide financeira cometida por meio de mineração de bitcoins pela Minerworld, empresa com escritório no Paraguai que administrava o dinheiro do suposto golpe. O esquema teria vitimado ao menos 50 mil investidores e a quantia teria alcançado o valor de R$ 300 milhões.
A empresa teria atraído milhares de interessados no negócio, o de aplicar uma quantia em bitcoins e, logo, obterem lucros atrativos, que, em prazo curtíssimo, multiplicariam em duas, três e até cinco vezes a cifra empregada na operação.
O empresário e outras 15 pessoas foram denunciadas. O processo que ainda corre na Justiça já acumula 12.872 páginas. Ivan tentou escapar deste processo ingressando com um recurso em que disse que seu nome apareceu na suposta trama por ele ser um investidor, não o dono do negócio suspeito.
Em outubro de 2018, o Gaeco deflagrou a Operação Pregão, que investigou uma suposta organização criminosa integrada por agentes públicos, políticos e empresários, que teriam praticado diversos crimes, entre os quais fraude em licitação, dispensa indevida de licitação e ainda falsificação de documentos.
Entre os investigados o empresário Ivan de Lima. Por causa desta investigação, a GTX Construtora e Serviços foi impedida de participar de concorrências por obras públicas. No entanto, a restrição caiu em novembro de 2021.
Em fevereiro deste ano, a GTX, conforme documentos emitidos pela Junta Comercial de MS, aumentou seu capital social de R$ 3 milhões para R$ 4,9 milhões.