A UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) alcançou a maior nota entre as instituições de ensino superior de Mato Grosso do Sul pelo 15º ano consecutivo, em um indicador federal de qualidade, o IGC (Índice Geral de Cursos), relacionado a 2022.
Prestes a completar duas décadas de existência, a UFGD deixa para trás a mais tradicional do Estado, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que completa 45 anos no próximo mês de julho. Os dados foram divulgados no início deste mês de abril pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do MEC (Ministério da Educação) responsável pela avaliação.
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A UFGD alcançou a pontuação de 3,6258, enquanto a UFMS aparece com 3,5853. A classificação prossegue com a Unigran (3,2977), UCDB (3,1893), Unigran Capital (3,1483), Faculdade Novoeste (3,0793), UEMS (2,9533), AEMS – Três Lagoas (2,8180), IFMS (2,7807), e Anhanguera-Uniderp (2,4728).
Baseando-se no IGC Contínuo somente das universidades públicas e privadas de MS – excluindo centros universitários, faculdades e institutos – a UFGD está na liderança do Estado desde 2007, quando o indicador começou a ser publicado.
Para o reitor da UFGD, Jones Dari Goettert, a universidade teve sua trajetória marcada pelo momento de expansão das universidades públicas federais no Brasil, em um processo de interiorização que fez chegar a Dourados e região “um expressivo conjunto de docentes já com formação em mestrado e doutorado”.
“O que possibilitou que os quase 40 cursos de graduação tivessem alta e imediata qualificação profissional/intelectual. Soma-se ao corpo docente, também, um quadro técnico-administrativo que apresenta ótima formação e com condições de capacitação contínua, inclusive com pós-graduação em mestrado e doutorado”, explica Goettert.
A Universidade Federal da Grande Dourados completa 20 anos de sua fundação em 2025, e conta com 27 programas de pós-graduação, atualmente são 25 mestrados e 14 doutorados.
A Adufms (Associação dos Docentes da UFMS) afirma que o desempenho da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul é reflexo da descaracterização no seu papel de ensino, pesquisa e extensão em interlocução com a comunidade.
“Há uma preocupação da gestão atual de mostrar a UFMS como a melhor, mas na prática temos visto o esvaziamento das unidades e dos cursos do interior, de investimento em ciência e tecnologia a partir da expertise dos docentes, pois privilegia não a competência, mas a subserviência”, diz a presidente da Adufms, Mariuza Aparecida Camillo Guimarães.
Mariuza Guimarães relata que os conselhos superiores foram fechados e não há participação da comunidade universitária, o que acarreta em excessiva centralização das decisões e a ausência de democratização das relações.
“Todas estas questões impactam no desempenho de docentes, técnicos e estudantes. As consequências começam a aparecer. Lamentavelmente”, afirma a presidente do sindicato.
Em 10 de maio, ocorre a eleição para definir a ordem na lista tríplice que será enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vai definir quem comandará a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O colégio eleitoral é formado por 1,5 mil professores, 1,7 mil técnicos administrativos e 25 mil estudantes.
Jones Dari Goettert evita comparar as duas universidades federais e defende que é importante compreender que os desafios da UFGD e da UFMS, como os das demais instituições, podem ser semelhantes ou muito diferentes, e que nuances devem ser consideradas.
“Dentre outros aspectos, devemos considerar a condição de ‘interior’ da UFGD, mas com campus apenas em Dourados, enquanto a UFMS apresenta a condição de estar situada, com seu campus principal, na Capital, mas de atuar com grande capacidade em cada um de seus campi no interior, semelhantemente à UEMS, por exemplo, mas com sede também no interior, em Dourados”, explica Goettert.
A divulgação do IGC ocorreu por webinário em 2 de abril. quando também foram anunciados os resultados de outros dois Indicadores de Qualidade da Educação Superior 2022: Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) e Conceito Preliminar de Curso (CPC). Eles integram o conjunto de procedimentos e instrumentos avaliativos previstos na Lei do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), que completa 20 anos neste mês de abril. O Conceito Enade, que também faz parte desta cesta de indicadores, foi divulgado em outubro de 2023.
Além de primeira colocada no IGC Contínuo no Estado, a UFGD está entre 25% das instituições brasileiras (500) na faixa 4 – somente 54 instituições estão na faixa 5 do indicador (2,7%). A maior parte das instituições (60,3%) obteve nota 3 e, para além disso, 11,7% ficaram na faixa 2 e 0,3% na faixa 1, com as menores pontuações.
Jones Dari Goettert avalia que mais que certa concorrência entre UFGD e UFMS, o que há são instituições que vem superando condições às vezes muito adversas, como redução de investimento e negacionismo da ciência.
“Ao mesmo tempo em que insistem na produção e na socialização do conhecimento como fatores essenciais para o desenvolvimento econômico, social e cultural de todo o Mato Grosso do Sul, com mais oportunidades, inclusão e diversidade”, conclui o reitor da UFGD.