O Ministério Público Estadual denunciou 22 pessoas por integrar a suposta organização criminosa comandada pelo vereador Claudinho Serra (PSDB), preso desde o último dia 3 deste mês na 3ª fase da Operação Tromper. O genro da prefeita Vanda Camilo (PP) foi denunciado pelos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa, fraude em licitações e concurso material de crimes.
A denúncia com 232 páginas é assinada pelos promotores de Justiça Adriano Lobo Viana de Resende, coordenador do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Bianka Machado Mendes, de Sidrolândia, Tiago Di Giulio Freire, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Humberto Lapa Ferri.
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Além de Claudinho, o grupo denunciou os empresários Ricardo José Rocamora Alves, que ficou foragido por oito meses, Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, Edmilson Rosa, dono da AR Pavimentação, e Cleiton Nonato Correia, da GC Obras, que ganhou R$ 26 milhões em contratos, e assessores do parlamentar, como Carmo Name Júnior, Thiago Rodrigues Alves e Heberton Mendonça da Silva.
De acordo com a denúncia, “livres e conscientemente e cada qual a seu modo, integraram pessoalmente uma organização criminosa, estruturalmente ordenada, caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, dentre as quais, a de natureza econômica, mediante a prática de infrações penais diversas, em destaque, o crime de fraude à licitação, peculato e corrupção passiva”.
“Contando com a inexecução contratual, em conluio com servidores, afastavam outros concorrentes com os valores abaixo do mercado, lucrando mediante a formação de créditos junto à Administração, cujos valores, além de incorporarem ao patrimônio particular, serviam para pagamentos de propinas a diversos funcionários públicos”, apontaram os promotores.
Ao protocolar a ação penal, o MPE tira um dos argumentos da defesa de Claudinho Serra para deixar a cadeia. Preso há 15 dias, o parlamentar espera o julgamento de habeas corpus na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Claudinho se tornou o primeiro vereador na história de Campo Grande preso por corrupção. Apesar do escândalo e da gravidade da denúncia, não houve a iniciativa de nenhum dos 29 vereadores da Capital a pedir a abertura de procedimento de cassação contra o tucano.
O PSDB de Campo Grande, comandado por Beto Pereira, chegou a divulgar nota destacando que não afastaria o vereador do partido porque não havia denúncia e as suspeitas estavam limitadas a um “mero inquérito”.
A prisão de Claudinho caiu como uma bomba na campanha pela reeleição da sogra, Vanda Camilo. Ela informou em nota que está colaborando com as investigações, demitiu os envolvidos e suspendeu os contratos com as empresas.