A senadora Tereza Cristina (PP) ficou indignada com a recusa do presidente da França, Emmanuel Macron, em discutir o acordo costurado entre os países do Mercosul e a União Europeia, que foi assinado durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL), em 2019, quando a sul-mato-grossense era ministra da Agricultura. A parlamentar classificou como “empáfia do eurocentrismo” a postura do francês.
Segundo Macron, o atual acordo está sendo negociado há mais de duas décadas e não foi atualizado, prevendo, por exemplo, temas como o clima. Ele diz que “precisa ser renegociado do zero”. “O Mercosul é um péssimo acordo como ele está sendo negociado agora. Esse acordo foi negociado há 20 anos. Eu não defendo esse acordo. Não é o que queremos”, declarou .
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“Deixemos de lado um acordo de 20 anos atrás e construamos um novo acordo, mais responsável, prevendo questões como o clima e a reciprocidade”, destacou.
A declaração foi dada durante o Fórum Econômico Brasil-França, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, na quarta-feira (27).
Tereza Cristina demonstrou sua revolta com o posicionamento do presidente francês em publicação em suas redes sociais nesta quinta-feira (28).
“O que se viu ontem à noite na Fiesp foi a empáfia do eurocentrismo! Macron se recusou a discutir o Acordo Mercosul-UE com o governo brasileiro, mas jogou na cara do PIB nacional, do ministro da Fazenda e do vice-presidente, que o tão esperado Acordo é ‘péssimo, antiquado e deve recomeçar do zero!’. Sua diplomacia é que merece nota zero!”, disparou a senadora.
De acordo com a ex-ministra de Agricultura, o acordo Mercosul-União Europeia foi periodicamente revisado e atualizado em 2019, quando foi finalmente assinado em Bruxelas. “Eu estava lá e vi que todas as cláusulas passaram pelo crivo setorial dos comissários europeus. E questões pontuais já estão hoje na mesa”, disse.
“Tudo falácia, lorota protecionista: Macron usou a afronta ao Brasil para ganhar pontos com seu público interno”, voltou a disparar. “Por fim, por que a França pensa que o Brasil e o Mercosul vão querer passar mais dez anos rediscutindo tudo? O mundo é vasto, os portos são muitos e outros acordos bilaterais ou multilaterais estão abertos para nós, inclusive na Europa. Sigamos!”.
O que se viu ontem à noite na @Fiesp foi a empáfia do eurocentrismo! Macron se recusou a discutir o Acordo Mercosul-UE com o governo brasileiro, mas jogou na cara do PIB nacional, do ministro da Fazenda e do vice-presidente, que o tão esperado Acordo é “péssimo, antiquado e deve…
— Tereza Cristina (@TerezaCrisMS) March 28, 2024
Governo brasileiro defende acordo
O posicionamento de Macron contraria o governo brasileiro. Antes da fala do presidente francês, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, havia defendido o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “O Mercosul ampliou mais um país este ano, que é a Bolívia. Fizemos um acordo com Cingapura e houve conversas com a União Europeia. O presidente Lula sempre fala que tem que haver reciprocidade. É o ganha-ganha. Nós conquistamos mercado, nós abrimos o mercado”, disse Alckmin.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também havia defendido o acordo, dizendo que o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva “vai continuar insistindo nele”. Haddac chegou a comparar um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia com a aprovação da reforma tributária no Brasil. Segundo ele, o Brasil demorou 40 anos para aprovar a reforma tributária que “colocou um ponto final no caos tributário”.
“Não devemos desistir desse acordo. Se foi possível aprovar a reforma tributária depois de 40 anos, por que não, depois de 20 (anos) aprovar um bom acordo União Europeia e o Mercosul”, disse Haddad ao discursar durante o evento.