O Ministério Público Federal denunciou os irmãos Hermógenes Aparecido Mendes Filho, 49 anos, e Ronaldo Mendes Nunes, 40, pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Eles são acusados de serem chefes do esquema ligado a facções criminosas como o Comando Vermelho.
A dupla foi alvo da Operação Sanctus, da Polícia Federal, em dezembro de 2023. Na ocasião, Hermógenes Aparecido foi preso, enquanto Ronaldo conseguiu fugir, ele estava em Pedro Juan Caballero e segue foragido até hoje. A PF acredita que um deputado do Paraguai ajudou na fuga, porém, o nome do político não foi divulgado.
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Entre os acusados está a advogada Cristiane Maran Milgarefe da Costa, presa no dia da operação. Ela é apontada como amante de Hermógenes Aparecido e teria participado tanto das tratativas de transportes de drogas e pagamentos, além de ser utilizada na ocultação de bens e lavagem de dinheiro.
A denúncia foi ajuizada pelo Ministério Público Federal no dia 15 de março. A ação penal está em segredo de justiça, mas a informação consta em despacho publicado no Diário Eletrônico da Justiça Federal de 20 de março. O caso será analisado pela 5ª Vara Federal de Campo Grande, responsável pelo processamento e julgamento.
Operação Sanctus
De acordo com a Polícia Federal, as investigações começaram em outubro e identificaram os dois irmãos de Dourados com histórico de ligação em apreensões de drogas e lideranças de facções criminosas.
O grupo comandado pela dupla escondia drogas em pneus de caminhões de carga para despachar de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, para o interior do Paraná. Na sequência, a carga tinha o Rio de Janeiro como destino. Este método de operação estaria em utilização desde meados de 2014.
Os investigados utilizavam uma rede de pessoas e empresas para lavar o dinheiro do tráfico e faziam os depósitos em dinheiro vivo em terminais de autoatendimento. O esquema contava ainda com a ocultação patrimonial de empresas e imóveis com propriedade em nome de “laranjas” e “testas de ferro”.
Hermógenes Aparecido segue preso preventivamente; a advogada Cristiane Maran Milgarefe da Costa teve revogada sua prisão domiciliar, mas com utilização de tornozeleira eletrônica, em decisão da 3ª Vara Federal de Campo Grande. Ronaldo Mendes Nunes também teve a prisão preventiva decretada, mas ainda não foi localizado.
Ronaldo era monitorado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai e estava pronto para ser capturado e entregue às autoridades brasileiras durante a Operação Sanctus, mas teria sido “resgatado” por um deputado paraguaio com relações com o narcotráfico.