A um mês de completar 77 anos, o veterano vereador Loester Nunes, o Dr. Loester (MDB), deveria ser exemplo para os colegas mais jovens da Câmara Municipal de Campo Grande quando o assunto é economia da verba indenizatória. O experiente médico utilizou apenas R$ 166 mil, metade do primeiro colocado, e ainda afirma que gastou “um pouquinho a mais do que deveria” em 2023.
Conforme levantamento realizado pelo O Jacaré no Portal da Transparência da Câmara, dos 32 parlamentares, inclusive os três suplentes, 17 gastaram mais de R$ 300 mil no ano passado. Loester se destacou por ser o mais econômico, com R$ 166,003,88. O valor representa quase metade do despendido por 17 dos 29 vereadores atuantes, e único abaixo dos R$ 200 mil.
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“Na realidade, acho até que gastei um pouquinho a mais do que eu deveria ter gasto”, queixou-se Dr. Loester, ao falar sobre seu desempenho. “Vou rever essas minhas condições de despesas que estou tendo nesse mandato. Em outros mandatos não gastei nem 30% da verba [indenizatória]”.
Deputado estadual por três mandatos, o médico obstetra está no 4º mandato como vereador pelo MDB e, com cinco décadas de profissão, ainda atende em seu consultório na Rua 15 de Novembro, região central de Campo Grande.
O parlamentar acredita que as despesas que podem ser indenizadas devem ser efetivamente aquelas para atendimento da população e exigências do mandato, como gasolina para a equipe visitar bairros e contratar consultores quando há necessidade urgente de “parecer especializado”.
As despesas fixas do emedebista durante o ano giram em torno de combustíveis, telefonia, publicidade, projetos técnicos e gestão de redes sociais, em uma média de quase R$ 14 mil por mês.
Conforme decreto do presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), cada vereador tinha direito a gastar R$ 25 mil de janeiro a setembro do ano passado. O valor teve aumento de 20% em outubro e passou a R$ 30 mil.
“Assim sempre foi a minha vida, porque eu acho que a gente tem que gastar naquilo que é em benefício da população, o que eu preciso para que eu faça alguma coisa para a população”, justifica Loester. “Precisa de gasolina, isso eu concordo; precisa de um parecer especializado, você contrata a pessoa e paga realmente para aquela pessoa. Não tem nenhum centavo de retorno para mim”.
O vereador afirma que, às vezes, os próprios assessores apresentam demandas que podem elevar as despesas, mas que não se deixa levar “pela cabeça” dos outros. Ele defende que por mais que a verba esteja disponível para ser utilizada, não é necessário torrar todo o dinheiro.
“Eu tenho as minhas mãos limpas. Faço assim mesmo, com todos os cuidados. Se for deixar de ir pela cabeça de assessor, que às vezes pede ‘faz isso, faz aquilo’… Se não tem interesse para a população, se não é uma coisa que beneficia a população, não deve ser gasto, por mais que seja previsto usar esse dinheiro”, avalia Loester.
Casado e com duas filhas que também são médicas, Dr. Loester está há mais de uma década no mesmo partido, o MDB, também algo raro nos dias atuais. Porém, sua carreira política pode estar próxima do fim. Neste ano, ele pretende disputar sua última eleição.