Mário Pinheiro, de Paris
Quem não estuda o passado, repete os mesmos erros, quem não aprende com os erros está fadado a repetir os descaminhos da vida, não cresce, não critica, não lê, apenas segue outros como se fosse piolho enfurnado em templo pentecostal. O sujeito desinteressado de tudo, na verdade é aproveitador.
Ele aproveita da oportunidade que outros lhe oferecem, é contra greve, contra a manifestação de quem não é de seu grupo, contra maconha, contra aborto mesmo que seja fruto de estupro, é moralista. Ele vê novelas, assiste as piores exibições ideológicas dos canais religiosos, passa a acreditar que o livro sagrado é melhor que universidade, é um bruto alienado. O sujeito alienado se expõe e aceita a exploração por medo azul de perder o emprego.
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Os estudos sobre alienação se limitam a conceitos históricos antigos sobre a loucura, mas o que diferencia um alienado de uma pessoa sem nenhuma alienação? Enquanto o sujeito normal frequenta e encoraja o laicismo e os bancos universitários, o alienado nega a realidade sem saber dos fatos, desconhece os termos, e, quando questionado, se não sabe responder, cospe, fica bravo e demonstra sua riqueza interior ao tirar da cintura o punhal ou a pistola.
Se o alienado é cantor sertanejo, pior! Ele nega sem conhecer, sem estudar o passado, afirma que a ditadura não causou nenhum mal. O perigo da proliferação da alienação é considerar que o totalitarismo, ou um regime militar, seria melhor que a democracia porque na democracia os trabalhadores podem se manifestar, exigir seus direitos trabalhistas enquanto que no regime ditatorial o trabalhador abaixa a cabeça, obedece e recebe as ordens dos chucros.
Se por um lado o trabalho põe comida na mesa, por outro, aliena o homem quando ele aceita fazer as vontades do patrão, vira capitão do mato, sabujo, energúmeno, um verme bípede. Ele reproduz e eterniza as condições que forçam o operário a se vender, a se prostituir. A noção de alienação em Marx é usada para descrever a desumanização, a exploração do homem pelo homem.
O alienado mal sabe o que fala, não conhece a luta de classes, a dureza da vida no campo e na cidade, mas usa a linguagem cheia de achismo, de opinião própria. Isso é conhecido pelo nome de alienação. O alienado vive à margem do que acontece e diz frequentemente que nada interessa.
O abandono da liberdade natural é um ato de alienação porque garante ao indivíduo vantagens da liberdade civil. Um exemplo claro de alienação no Brasil é o agrupamento de pessoas de vários estados que entraram num ônibus pago por um endinheirado para quebrar os bens públicos em Brasília sob a desculpa, ou a crença, de que era preciso impedir a instalação do comunismo.