Cerca de 20 pequenos empresários não receberam cerca de R$ 3 milhões pela construção da obra do Assaí Atacadista na Avenida Günter Hans, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande. Eles protestaram contra o calote na manhã desta quinta-feira (7) contra a rede do atacarejo, que festejou faturamento de R$ 72,8 bilhões e lucro de R$ 710 milhões em 2023.
O caso é vergonhoso e mostra a estratégia de tudo pelo lucro de alguns grandes grupos empresariais brasileiros. O Assaí publicou os resultados do ano passado no dia 22 de fevereiro deste ano. Os números mostram que a rede continua como a 2ª maior em faturamento no Brasil.
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De acordo com o Campo Grande News, a Marcca, de Goiânia (GO), foi contratada para realizar a obra da loja na Bairro Coophavila 2. A empreiteira não pagou cerca de 20 empresários, que fizeram um protesto em frente da unidade na manhã de hoje.
O empresário Jesimiel Diogo, 55 anos, forneceu esquadrias de alumínio e vidro para a fachada do atacadista, segundo relatou ao jornal eletrônico. Ele levou calote de R$ 150 mil. “O Assaí não se compromete com nada, mas nós ficamos com o prejuízo. Meu contrato era para ser pago em 4 de dezembro. Até hoje, não recebi nada. Tentamos contato de todas as maneiras, já envolvemos advogados, mas a situação não é resolvida”, contou Diogo, sem receber há quatro meses.
Oliveira Ernesto, 51, vendeu parafusos e tem crédito de R$ 87 mil. “O que mais revolta é a falta de diálogo, tanto da construtora quanto do atacadista. Seguimos sem previsão de recebimento”, lamentou ao Campo Grande News.
Sérgio Henrique Cance, 65, finalizou o trânsito dentro do mercado e a instalação semafórica. O calote é R$ 207 mil . “Essa é a contrapartida do atacadista para a prefeitura de Campo Grande. Mas, se não for paga a dívida, vou tentar tirar até o semáforo para tentar recuperar alguma coisa”, ameaçou.
Em nota ao site, o Assaí informou que realizou todos os pagamentos previstos. A empresa admitiu que reteve 2,5% do valor previsto no contrato. “Isso porque a construtora não finalizou diversas pendências (como civis e elétricas) alegando dificuldades financeiras. Dessa forma, para que pudéssemos entregar uma loja segura e completa à população de Campo Grande, utilizamos esse saldo devido contratando outras empresas para concluir a obra – algo, inclusive, previsto em contrato – e cujo valor final deve ultrapassar o retido à Marcca, gerando custos adicionais ao Assaí”, informou.
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Após o protesto dos pequenos empresários, o Assaí, que não tinha se sensibilizado até o momento, afirmou que “considera inaceitável a falta de cumprimento por parte da Marcca com os pagamentos devidos aos prestadores de serviços subcontratados” e prometeu buscar uma solução “o mais rápido possível”.
Sem o faturamento de bilhões da gigante, os credores prometem novo protesto no sábado. O calote não é a primeira medida do Assaí para economizar nos gastos. O grupo briga na Justiça para manter um poço artesiano e reduzir o valor da conta de água.