A prefeita Adriane Lopes (PP) assumiu o desafio de concluir, pelo menos parte, dois “elefantes branco”, que sobreviveram a quatro prefeitos e seguem inacabadas em Campo Grande. O Centro de Belas Artes, projetado inicialmente para ser a nova estação rodoviária da Capital, segue inconcluso após quatro governadores.
Uma espécie de símbolo da incompetência, a revitalização do Terminal Rodoviário Heitor Laburu, prevista há mais de uma década, e a conclusão do Centro de Belas Artes, inacabada desde 1994, vivem uma espécie de maldição – de nunca serem concluídos.
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De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Marcelo Miglioli, a prefeita determinou prioridade zero na conclusão da obra do Centro de Belas Artes. Para cumprir a tarefa, ele designou uma equipe específica para trabalhar no novo cronograma das obras. “Não adianta ser algo inexequível”, antecipou o titular da Obras.
Miglioli admite que não irá concluir totalmente o prédio de 13,5 mil metros quadrados. A meta é concluir pelo menos um terço – 4.500 metros quadrados. Apesar de deixar dois terços inconclusos, para o próximo mandato de Adriane ou para o novo (a) prefeito (a) eleito (a) em outubro deste ano, ele prevê que a população já poderá usufruir do novo espaço de cultura.
O desafio não será uma tarefa fácil. Planejado inicialmente para ser o novo terminal rodoviário, o prédio chegou a ser “inaugurado” com um almoço com os taxistas pelo governador Pedro Pedrossian. A obra começou a ser executada pelo Governo do Estado.
Wilson Barbosa Martins (MDB) assumiu e fez questão de colocar uma placa para alardear que o antecessor inaugurou uma obra inacabada. O emedebista ainda propagou que o empreendimento estava parado por falta de recursos.
Zeca do PT assumiu e tentou concluir a obra. No entanto, o adversário ferrenho da ocasião, André Puccinelli (MDB), no comando da prefeitura, embargou a obra e impediu a retomada. O Governo do Estado tentou repassar para a iniciativa privada, mas novo fracasso. Então, o petista o transformou em um prédio voltado para a cultura. Mesmo com a mudança de finalidade, a obra seguiu inconclusa.
André assumiu o Governo do Estado em 2006 e repassou o prédio para o município. Nelsinho Trad (PSD) assumiu, mas não cumpriu a missão e terminou o mandato sem concluir o Centro de Belas Artes. Nem o aval do Ministério Público, que tinha sido contra a mudança na gestão Zeca, foi suficiente para a maldição cair por terra.
Azarão na disputa pela prefeitura, Alcides Bernal (PP) também fracassou na tentativa de concluir a obra. O elefante branco sobreviveu incólume às gestões de Gilmar Olarte (sem partido) e dois mandatos de Marquinhos (PSD). Agora, Adriane garante que vai concluir o projeto iniciado há mais de 30 anos.
A outra missão impossível é a revitalização do antigo terminal rodoviário, no Bairro Amambai. Nelsinho passou toda a gestão especulando um destino, mas esbarrou em inúmeros contratempos. O prédio definhou a cada ano.
Bernal, Olarte e Marquinhos não conseguiram revitalizar o espaço. Aliás, Marquinhos deu início ao projeto de revitalização, com investimento de R$ 18,1 milhões do Governo federal, mas um problema na fundação acabou suspendendo os trabalhos por um bom período de tempo.
Miglioli admitiu que o problema foi na fundação. Ele garante que a parte do poder público, que vai compreender espaço para recreação, calçada e prédio novo para abrigar órgãos públicos, vai ser entregue ainda neste mandato de Adriane, que termina em dezembro.
A questão é saber se uma mulher vai quebrar a maldição que sobreviveu às administrações masculinas.