Mário Pinheiro, de Paris
O sentimento de justiça é útil para preservar a segurança. Entretanto, dependendo do caso, pode haver disfunção, prejulgamento ou julgamento injusto e desqualificado. Israel é um país marginal, não respeita apelo e ordem da comunidade internacional, da ONU, muito menos da União Europeia e dos Estados Unidos.
A violência está banalizada e tudo é possível. Quando o grupo Hamas invadiu a festa, assassinou e fez centenas de reféns, o mundo todo se derreteu pelas vítimas. Foi horrível! É justo ter sentimento e empatia. Numa campanha de marketing os mortos israelenses foram contados um por um nos contêineres do IML enrolados em lençóis, que triste, o que fez derramar todas as lágrimas de quem assistiu à cena repetida inúmeras vezes.
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A vingança não tarda, havia anunciado o primeiro ministro Benjamin Netanyahu. “Vamos matar todos e destruir”. A criação do estado Palestino é mais que justo, mas a política israelense, sempre de extrema direita, é contra e rejeita a ideia, deseja a extinção do outro.
Para Netanyahu é questão de honra o massacre em Gaza, que se tornou genocídio ao não poupar civis, crianças e idosos numa obrigação de abandonar suas casas. Com Gaza totalmente destruída, resumida a ruínas, destroços de ferro e concreto, a ordem é destruir todo depósito de mantimentos doados por organizações internacionais, além de hospitais, segundo o Médico sem fronteiras (MSF).
Milhares de famílias desalojadas se aglomeram no campo de refugiados de Rafah que mede 16 quilômetros quadrados, um gueto onde vivem situação precária em barracas. Eles estão sob a promessa e ameaça de Netanyahu de avançar sobre Rafah com a desculpa de que lá dentro há membros do Hamas.
Netanyahu é contestado pelo próprio povo judeu por ter sido alertado do ataque e não ter levado a sério. Ele espera que este ódio vingativo contra os membros do Hamas possa salvá-lo da prisão por corrupção e estupro no processo em curso.
A dominação da “democracia” de Israel não está distante de um totalitarismo às avessas. O totalitarismo é o espelho quebrado de falsos políticos ditos “democratas” infiltrado na modernidade. A banalidade do mal está presente no discurso e na prática do governo Netanyahu.
Sobre a violência nazista contra os judeus nos campos de concentração, não cabe comentários, mas ninguém, ninguém, todo mundo se acovarda diante das atrocidades e crimes de guerra cometidos por Israel. A Palestina virou um gueto onde estão fadados a morrer de fome, frio e doenças.
O que Lula disse é um incômodo para a política de Netanyahu, de extrema direita dura, mas é a mais pura verdade porque incomoda e é preciso parar de fazer vista grossa. O presidente brasileiro tem razão.