Considerado personagem central em esquema de corrupção em Sidrolândia, o ex-candidato a vereador Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, movimentou R$ 8,5 milhões entre 2017 e 2021. Toda essa bonança ocorreu sem ele ter “profissão econômica definida”, mesmo tendo em seu registro a função de encarregado geral de operações de conservação de vias.
A partir das informações obtidas pela quebra do sigilo bancário dos investigados pela Operação Tromper, do Ministério Público Estadual, constatou-se uma movimentação financeira bruta de R$ 10,2 milhões em cinco anos. Sendo que R$ 9,99 milhões deixaram as contas no mesmo período.
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“Pela análise da disposição do fluxo de entrada e saída de valores é possível observar que a saída dos recursos guarda estrita proporção e simetria temporal com os valores de entrada, ou seja, eram sacados ou pagos tão logo acontecido a sua entrada”, destaca o MPE, como um dos indícios de irregularidades.
A movimentação efetiva em créditos por tipo de transação somou R$ 8,5 milhões nas contas de Ueverton Macedo. Neste caso, deixam de ser considerados os lançamentos que não representam ingressos ou dispêndios efetivos nas contas bancárias, como resgate de aplicação, aplicação, estornos, empréstimos dentre outros.
Os débitos efetivos, por sua vez, somaram R$ 7,8 milhões, sendo a maior parte dos débitos (28%) realizada na forma de transferências entre contas, num valor total de R$ 2,1 milhões.
Os maiores montantes foram recebidos no ano de 2021, quando ingressaram nas contas de Frescura R$ 3,1 milhões. A trajetória de faturamento sempre ocorreu de forma ascendente a partir de 2017, quando entraram R$ 335,8 mil.
A empresa Inox Serviços Metálicos Ltda foi quem mais irrigou as contas do ex-candidato a vereador, com R$ 1,4 milhão em 2020 e 2021. Na sequência, constam também recebimentos sem uma origem definida cujo total foi de R$ 554.9 mil, “recebidos ao longo dos anos de 2017 a 2019 , com valores bastantes expressivos em cada operação”, pontua o MPE.
Já na parte de saídas das contas, a maior parte foi de operações de pagamentos e transferências não identificadas que somam R$ 905,1 mil (15%).
“Na sequência, houve também diversos pagamentos/saques direcionados para a pessoa de outro investigado EVERTOM LUIZ DE SOUZA LUSCERO (PJ), CNPJ 30.483.847/0001-35 (empresa do qual UEVERTOM figura como 2º cotitular de conta corrente, conforme já mencionado) no montante de R$ 341.567,00 (trezentos e quarenta e um mil, quinhentos e sessenta e sete reais) realizado nos anos de 2019,2020 e 2021”, relata o Ministério Público.
Consta ainda pagamentos e transferências para a pessoa de Rafael De Paula Da Silva, no montante total de R$ 262.473,00.
As investigações apontam ainda transações financeiras entre os investigados, com transferências das contas de Frescura para Everton Luiz de Souza Luscero (R$ 305.490,09), para Ricardo Jose Rocamora Alves (R$ 267 mil), Odinei Romeiro de Oliveira (R$ 243.292,36), Roberto da Conceição Valençuela (R$ 2,9 mil), e R & C Comercio (R$ 22,6 mil).
Dos pagamentos e transferências não identificadas que somam R$ 905,1 mil, R$ 230,6 mil foram de saques, recibo de retirada, cheques emitidos e outros meios, ao longo dos anos de 2018 a 2021.
“Nesse período, foram realizadas 28 operações de saques no valor de 5 mil reais; 8 operações no valor de 1 mil reais; 4 operações no valor de 3 mil reais; 2 operações no valor de 1,5 mil reais; e, 2 operações no valor de 20 mil reais”, informa o MPE.
A análise ainda revelou transações financeiras realizadas por Ueverton da Silva Macedo, o Frescura, com duas pessoas que têm ou tiveram vínculos com a prefeitura de Sidrolândia, que receberam cada uma R$ 5,4 mil e R$ 4,6 mil.
“Com uma movimentação financeira EFETIVA bastante expressiva, com créditos no valor de R$ 8.529.177,14 e débitos no montante total de R$ 7.886.941,76 , UEVERTON DA SILVA MACEDO, aparentemente sem profissão econômica definida, parece ser personagem central na engrenagem financeira do grupo de investigado”, conclui o MPE.
O documento com os dados bancários dos investigados conta com 218 páginas e deve reforçar a ação penal contra 10 réus pelos crimes de corrupção, fraude em licitações, peculato e organização criminosa. O julgamento começou no dia 2 deste mês e seguiu na sexta-feira (16) com a realização de audiência para ouvir mais 11 testemunhas.
Frescura chegou a ser preso e teve pedido de revogação da prisão negado pelo Superior Tribunal de Justiça. Atualmente, ele é monitorado por meio de tornozeleira eletrônica.