O diretório municipal do PT reforçou, nesta segunda-feira (19), a candidatura à prefeita de Campo Grande da deputada federal Camila Jara. No âmbito da Capital, o partido dá como encerrado o debate sobre qualquer outra possibilidade. No entanto, o ex-governador Zeca do PT e o líder da bancada federal, Vander Loubet, devem buscar uma reviravolta junto à executiva nacional.
A dupla divulgou uma nota, na véspera da coletiva de imprensa de Camila, em que diz considerar “legítima a decisão do Diretório Municipal em apontar, articular e defender a candidatura própria do PT”. Por outro lado, tio e sobrinho indagam se essa é a melhor estratégia para “ampliar os espaços de sustentabilidade do governo Lula?”.
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Zeca e Vander não devem se dar por vencidos devido à resolução da Comissão Executiva Nacional que estabelece os critérios para indicação de candidaturas do PT para a Federação Brasil da Esperança, formada junto com PCdoB e ao PV.
A resolução garantiu que, em havendo consenso, os diretórios municipais solicitassem homologação das candidaturas majoritárias para 2024, uma vez que cabe à Executiva Nacional a responsabilidade pela decisão das candidaturas nos municípios com mais de 100 mil habitantes, como é Campo Grande.
Coordenador da bancada federal de Mato Grosso do Sul e principal articulador de cargos no Estado com o governo Lula, Vander Loubet deve usar sua influência para convencer o comando nacional petista de que o melhor caminho a seguir é apoiar a superintendente da Sudeco, Rose Modesto (União Brasil), como candidata na Capital.
Já o diretório municipal entende por esgotada a questão da escolha da pré-candidata e da candidatura própria à Prefeitura de Campo Grande, “à partir do momento em que a Executiva Nacional do PT acata o pedido de homologação, instalando o Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) para a Capital, destacando membros da Direção Nacional para o acompanhamento do processo”.
Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, Camila Jara falou como candidata e abriu a possibilidade para receber apoio de outros partidos. “Estamos negociando para ampliar o arco de alianças, e fica o convite para que PSB e PDT venham com a gente”.
Camila justificou a ausência do deputado estadual Pedro Kemp, que não pode participar da reunião por uma emergência familiar. A deputada adiantou que ele será um dos coordenadores de sua campanha.
“O companheiro Pedro é parceiro político desde então e ele entendeu que se fosse pra gente colocar esse nome à disposição ele estaria junto com a gente e agora deve assumir um espaço de coordenação na nossa campanha”, declarou Jara.
Kemp concorreu à Prefeitura de Campo Grande pelo PT em 2020, quando ficou em terceiro lugar com 8,32% dos votos.
Apesar das divergências, a candidata lembrou de Zeca do PT e Vander. Disse que espera o ex-governador do Estado para “andar pelas ruas de Campo Grande”. “[Espero] que ele pegue todo esse apoio popular que a gente sabe que o companheiro tem para estar junto com a gente”, desejou.
Questionada sobre as dificuldades de sua campanha frente a polarização entre direita e esquerda no País, a deputada federal explicou que seu foco será nas pessoas, não em ideologias.
“Se esquecem de debater a dor que a gente tá vivenciando no dia-dia. Uma pessoa diagnosticada com uma doença, por exemplo, não consegue ter o diagnóstico concretizado, e a resolução deste problema não trata de esquerda, direita ou bolha. Estamos falando de um cidadão que não consegue um retorno de um serviço”, explicou Camila.
“Quando a gente fala de um transporte público eficiente, a gente fala da segurança de quem anda de carro, e Campo Grande tem um trânsito violento. Por isso, nosso debate é concentrado na dor que as pessoas sofrem no dia-dia”, finalizou.