A família de Edna de Fátima Guedes, 44 anos, moradora de Ponta Porã, ainda não compreende como ajudá-la a receber cuidados médicos após a dona de casa ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral), em novembro do ano passado. De acordo com a irmã, Angélica, Edna já perdeu os movimentos e a fala, ainda assim, recebeu alta dos médicos.
Angélica relata que, nem mesmo a Defensoria Pública ajudou a garantir uma vaga no Hospital Regional de Ponta Porã para Edna, cuja saúde necessita de cuidados intensos, como aponta o laudo de um médico contratado pela família. “No ano passado, em novembro, foi feita uma ressonância, e esse exame apresentou dois coágulos. Do lado direito e do lado esquerdo do cérebro. E, de lá pra cá, ela só vem piorando, já perdeu todos os movimentos, não anda, não está falando, perdeu a fala também”.
Mesmo diante da ressonância indicativa dos coágulos e da paralisia, os médicos do Hospital Regional chocaram a família de Edna ao dizer que o quadro da paciente é induzido por problemas psicológicos. “Levamos ela ao Hospital Regional, onde disseram que o quadro é psicológico. Disseram isso e deram alta, não fizeram nada e, de lá para cá, ela só vem piorando”.
Entre as explicações para a piora do quadro de Edna está a possibilidade de Doença de Creutzfeldt-Jakob (Encefalopatia Espongiforme Transmissível), que leva a um quadro neurodegenerativo constante. Diante das suspeitas, o profissional alertou sobre a necessidade da urgência no tratamento, que deveria ocorrer no Hospital de Dourados, instituição que negou a transferência da paciente.
A negativa ocorreu mesmo com o intermédio da Defensoria Pública, que não conseguiu garantir a internação, solicitada em 27 de janeiro. “Minha sobrinha foi até a Defensoria e foi ao hospital onde disseram que a vaga só poderia ser garantida por via judicial, com demora de, até, 15 dias, mas nesse intervalo, deram alta para a minha irmã”.
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Enquanto o tempo passa, Edna está com um quadro grave de hidrocefalia e sem a possibilidade de realização de um novo diagnóstico, porque o Hospital Universitário, em Campo Grande, também não aceitou a internação. “Voltamos ao neurologista e ele alertou que o quadro dela e, no hospital, simplesmente, deram alta. Não dá para entender essas coisas”.
Além da família, amigos de Edna temem pela saúde da dona de casa, já elegível para uma cirurgia de retirada de líquido do cérebro diante do quadro de hidrocefalia. Em face às negativas do sistema público, os familiares solicitaram um orçamento na rede privada, que cobrou R$ 30 mil pela cirurgia, recurso inexistente para eles e Edna.