A operação da Polícia Federal contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho de Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira (29), causou repercussão apenas entre os apoiadores mais fervorosos do ex-presidente na bancada federal de Mato Grosso do Sul. Como de praxe em situações que têm o clã como alvo, o trio de deputados federais bolsonaristas repetiu o discurso de perseguição.
Também considerados seguidores de Bolsonaro, os senadores Nelson Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP) preferiram apostar em outros temas. O restante da bancada, já em clima de retorno ao trabalho legislativo, direcionou o foco para o mandato e em especial ao lançamento das Casas da Mulher Brasileira em Corumbá e Dourados.
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A senadora Soraya Thronicke (Podemos), a deputada federal Camila Jara e os colegas Vander Loubet, ambos do PT, e Geraldo Resende (PSDB) prestigiaram a assinatura do acordo de cooperação técnica para adesão de MS ao programa “Mulher, Viver sem Violência”.
O acordo foi selado entre a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e o governador Eduardo Riedel (PSDB), e prevê a implementação de unidades da Casa de Mulher Brasileira em Dourados e Corumbá, ao custo previsto de R$ 31 milhões.
Em destaque, a importância do combate à violência contra a mulher.
“A violência contra mulher tem crescido ano após ano em todo o Brasil, e isso nos faz ligar o alerta sobre a importância de colocarmos em prática programas como esse, além de construirmos mais locais de acolhimento para mulheres vítimas de violência poderem buscar apoio em momentos de vulnerabilidade”, declarou Soraya.
Beto Pereira e Dagoberto Nogueira, do PSDB, aproveitaram o início da semana para tratar de reuniões e temas relativos ao mandato, assim como fez Nelsinho Trad (PSD).
Ex-ministra de Agricultura de Jair Bolsonaro, a senadora Tereza Cristina não deixou seus eleitores na mão, mas preferiu entrar em outra polêmica sem grandes repercussões, e deixou a operação da PF contra o “Carluxo” de lado.
“Mais uma vez, o governo Lula 3 reafirma seu apreço e compromisso com a ditadura de Nicolás Maduro e se cala sobre o inaceitável veto do regime à candidatura de Maria Corina Machado às eleições presidenciais deste ano na Venezuela”, publicou a parlamentar em suas redes sociais.
O trio de sempre – os deputados federais Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon (PL) e Dr. Luiz Ovando (PP) – saiu em defesa do clã Bolsonaro, com o discurso de que a família é vítima de perseguição pelo atual governo, pelo Supremo Tribunal Federal, e pela imprensa.
Carlos usava assessores para obter informações da Abin, diz PF
A Polícia Federal (PF) investiga se o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) usava assessores para solicitar informações de forma ilegal por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A suspeita está no relatório de investigação que baseou a operação desta segunda-feira (29) contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em uma das mensagens obtidas pelos investigadores, Luciana Almeida, apontada como assessora de Carlos Bolsonaro, entra em contato com Priscila Pereira e Silva, identificada como assessora do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, para solicitar “ajuda ” da “Abin paralela”.
De acordo com a mensagem de WhatsApp, que faz parte do inquérito, a solicitação envolvia dados sobre as investigações contra Jair Bolsonaro e seus filhos.
“Bom diaaaa. Tudo bem? Estou precisando muito de uma ajuda. Delegada PF. Dra. Isabela Muniz Ferreira – Delegacia da PF Inquéritos Especiais Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos). Escrivão: Henry Basílio Moura”, diz a mensagem.
Após avaliar o material apreendido, a PF passou a suspeitar que os contatos entre Carlos Bolsonaro e Ramagem eram feitos por meio de seus assessores.
“Destaca-se que conforme se depreende da IPJ 183071/2024 que a comunicação entre os investigados del. Alexandre Ramagem e Carlos Bolsonaro se dá precipuamente por meio de seus respectivos assessores”, diz a PF no relatório.
Na decisão na qual autorizou as buscas e apreensões contra Carlos Bolsonaro e os demais envolvidos na investigação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), argumenta que as provas obtidas até o momento demonstram a existência de uma “organização criminosa” para realizar ações clandestinas na Abin.
“Os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na Abin também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras, bem como para fiscalizar indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos”, escreveu Moraes.
Na quinta-feira (21), o ministro também autorizou buscas contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro.
De acordo com o processo, Ramagem, policiais e delegados da PF que estavam cedidos para a Abin, além de servidores do órgão, teriam participado de uma organização criminosa para monitorar ilegalmente autoridades públicas. O caso é conhecido como “Abin paralela”.