Após duas derrotas nas últimas eleições e não correr o risco de pedir música no Fantástico pelo terceiro fracasso consecutivo, o ex-senador Delcídio do Amaral ensaia mudança na estratégia política para ter a primeira vitória nas urnas após ter o mandato cassado. Ao invés de ser candidato, ele planeja fortalecer o PRD, 3º maior partido do País em número de filiados.
O PRD surgiu da fusão do PTB com o Patriotas. A nova sigla conta com 1,346 milhão de filiados no Brasil, só atrás do MDB (2,050 milhões) e do PT (1,6 milhão) e na frente do PSDB (1,312 milhão) e até do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro (807 mil).
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Em Mato Grosso do Sul, o PRD não deve manter os quadros do PTB e do Patriotas. Na Capital, os três vereadores, dois do Patriotas – Paulo Lands e Edu Miranda – e um do PTB – William Maksoud – devem deixar a sigla. A debandada não preocupa Delcídio, que assumiu o partido com a desistência do deputado estadual Lídio Lopes, que deixou o Patriotas após a fusão e está sem partido.
“Meu negócio é formar o PRD! Com um time novo e que se preocupe com políticas públicas que promovam o desenvolvimento econômico e social que nosso estado merece”, ressalta Delcídio, manifestando otimismo com o novo partido.
“Gente que tenha oportunidade de fazer política olhando o futuro”, descreve, sobre a meta de formar novos quadros. A princípio, Delcídio não planeja ser candidato a prefeito da Capital ou de Corumbá. Ele perdeu as últimas duas eleições, para senador em 2018 e para deputado federal em 2022.
Para não correr o risco de cair na boca do povo como o político “que não se elege nem para síndico”, Delcídio ensaia priorizar o PRD nas eleições municipais deste ano e formar uma base para voltar com força em 2026.
O ex-senador não revela, mas chega até a ensaiar um discurso de oposição a Eduardo Riedel (PSDB), que não deverá ter candidatos competitivos na disputa pela reeleição em 2026. Os principais partidos, como MDB, PT, PP e até alguns integrantes do PL fazem parte da sua base na Assembleia Legislativa.
“Saindo dessa mesmice e atraso que condenou o nosso estado, o de maior potencial entre todos, ao terceiro lugar na região centro oeste atrás de MT e de GO! Simplesmente lamentável!!!”, critica Delcídio, que já foi candidato a governador em duas ocasiões. Em 2006, ele perdeu no primeiro turno para André Puccinelli (MDB) e em 2014, perdeu para Reinaldo Azambuja (PSDB).
“A PROSPERIDADE do nosso estado renascerá na cidade mais emblemática, historicamente e culturalmente, o berço da integração Sul-americana! CORUMBÁ!!! 🙌🙌🙌”, profetiza, insinuando que poderá disputar a prefeitura da Cidade Branca nas eleições deste ano.
Natural de Corumbá, Delcídio sempre foi bem votado na cidade nas eleições em que disputou. Ele despista, mas pode ter chance no atual cenário conturbado do município. O prefeito Marcelo Iunes (PSDB) é reprovado pela maior parte da população, segundo pesquisas.
O PSDB está extremamente dividido entre o vereador Luciano Costa, a ex-deputada federal Bia Cavassa e o secretário municipal de Governo, Luiz Antônio da Silva, o Luiz Pardial. Delcídio pode jogar água no chope ou dar trabalho para o favorito, o ex-vereador Gabriel de Oliveira, o Dr. Gabriel (MDB), que lidera as pesquisas na cidade.
Delcídio foi ministro das Minas e Energia na gestão de Itamar Franco e um dos diretores da Petrobras. Ele foi eleito senador em 2002 com o apoio de Zeca do PT e reeleito em 2010.
O ex-petista chegou a ser um dos principais líderes da política nacional até ser preso na Operação Lava Jato acusado e ser acusado de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Delcídio foi preso e cassado pelo Senado. Ele acabou sendo inocentado pela Justiça Federal desta acusação, mas não conseguiu recuperar o mandato.