Os oito deputados federais de Mato Grosso do Sul elevaram em 15% o gasto com a cota parlamentar e torraram R$ 3,710 milhões no ano passado, de acordo com o Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. Vander Loubet (PT) e Geraldo Resende (PSDB) são os campeões em gastos ao superar a barreira de meio milhão de reais em 2023.
A grande surpresa foi o deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB), que reduziu o gasto com a cota em 18% e ficou na lanterna. Após deixar o PDT, partido que integrou por três décadas, o neotucano passou de um dos mais gastadores, sempre figurando entre os primeiros, para exemplo no trato do dinheiro público entre os oito representantes de Mato Grosso do Sul na Câmara.
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Vander gastou R$ 511,9 mil da cota, aumento de 7% em relação a 2022, quando teve despesa de R$ 473,3 mil e ficou em 4º lugar no ranking da bancada estadual. O maior desembolso do contribuinte com o petista foi com a divulgação da atividade parlamentar, R$ 198.610 (38% do total), seguido por passagens áreas (R$ 108,8 mil) e aluguel de veículos (R$ 94,5 mil).
O vice-campeão foi Geraldo Resende, que retornou ao legislativo após quatro anos. O tucano usou R$ 503,4 mil da cota parlamentar, superando o montante do bolsonarista Loester Trutis (PL) no ano anterior, quando foi campeão com R$ 487 mil.
O ex-secretário estadual de Saúde destinou 61,6% para a divulgação da atividade parlamentar – R$ 310,5 mil. O dinheiro foi destinado para sites, blogs e jornais da Capital e de Dourados, conforme o Portal da Transparência. Em segundo lugar, Geraldo gastou R$ 60,6 mil com combustíveis e R$ 50 mil com aluguel de carros.
Em 3º lugar ficou o deputado Beto Pereira (PSDB), com R$ 498,6 mil. Ele aumentou em 13% o gasto com a cota parlamentar em relação a 2022, quando torrou R$ 438,7 mil. Quase metade, R$ 240,1 mil, foi gasto com a divulgação da atividade parlamentar.
Confira o gasto de cada deputado em 2023
Deputado | Gasto com cota |
Vander Loubet (PT) | 511.902,10 |
Geraldo Resende (PSDB) | 503.424,52 |
Beto Pereira (PSDB) | 498.674,13 |
Camila Jara (PT) | 496.063,83 |
Rodolfo Nogueira (PL) | 473.105,30 |
Dr. Luiz Ovando (PP) | 457.563,03 |
Marcos Pollon (PL) | 387.330,90 |
Dagoberto Nogueira (PSDB) | 383.785,54 |
Total | 3.710.849,35 |
Pré-candidato a prefeito da Capital nas eleições deste ano, o ex-prefeito de Terenos apostou na comunicação para se tornar mais conhecido e afastar o fantasma de que poderá ser substituído pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) se não emplacar. Beto ainda gastou R$ 77,4 mil com passagens áreas e R$ 74,1 mil com aluguel de veículos.
A estreante Camila Jara (PT) gastou R$ 496 mil da cota parlamentar. Também pré-candidata a prefeita, ela destinou 38% do montante para a divulgação da atividade parlamentar (R$ 192,2 mil). O Top 3 é completado com manutenção de escritório (R$ 168,2 mil) e passagens aéreas (R$ 68,9 mil).
Outro estreante e neófito na política, Rodolfo Nogueira (PL), gastou R$ 473,1 mil com a cota parlamentar. Crítico do Governo Lula, o bolsonarista gastou metade, 49% do total (R$ 232,6 mil) com a divulgação da atividade parlamentar. Em segundo lugar ficou o gasto com a locação de veículos (R$ 108 mil), seguida por combustíveis (R$ 65 mil).
Dr. Luiz Ovando (PP) gastou R$ 457,5 mil e manteve no patamar de 2022, quando usou R$ 455 mil. Médico e bolsonarista, ele destinou R$ 164,9 mil para a divulgação da atividade parlamentar, R$ 113,8 mil para aluguel de veículos e R$ 68,5 mil, manutenção do escritório político.
O novato Marcos Pollon (PL) gastou R$ 387,3 mil, sendo metade com a divulgação da atividade parlamentar (R$ 186 mil). O liberal ainda destinou R$ 68,1 mil para passagens aéreas e R$ 54 mil para aluguel de carros.
Dagoberto se transformou no melhor exemplo entre os oito deputados federais de Mato Grosso do Sul. O deputado deixou de ser um gastador. Ele reduziu o gasto com a cota em 18,9%, de R$ 479,6 mil, em 2022, para R$ 383,7 mil no ano passado. É o caso de ter mudado da água para o vinho.
O tucano destinou R$ 144 mil para divulgação da atividade parlamentar, R$ 76,5 mil para aluguel de veículos e R$ 68 mil para manutenção do escritório político.
Nenhum deputado conseguiu seguir o exemplo de Fábio Trad (PSD), que se notabilizou por economizar no gasto do dinheiro público ao utilizar a cota parlamentar. Em 2022, ele gastou apenas R$ 242 mil, metade do montante gasto no ano passado por cinco dos oito deputados federais.
Nem os bolsonaristas, tão críticos de Trad e do gasto com o dinheiro público, conseguiram seguir seu exemplo e economizar o dinheiro do contribuinte.
No total, os oito deputados federais gastaram R$ 3,710 milhões da cota parlamentar em 2023, contra R$ 3,2 milhões em 2022. O aumento superou meio milhão de reais em apenas um ano. E ainda ganham salário de R$ 41.650,92 por mês – o equivalente a 29 salários mínimos por mês. Um trabalhador comum levaria dois anos para ganhar o mesmo montante pago a um deputado federal.
E ainda possuem direito a R$ 46.336,64 por mês a título de cota parlamentar, para comprar passagens áreas, contratar assessoria e pesquisas, locação de veículos e manter escritórios, entre outros gastos.