Apenas a senadora Soraya Thronicke (Podemos) participou do ato organizado pelo presidente Lula (PT), para lembrar um ano dos ataques golpistas à democracia de 8 de janeiro, entre os parlamentares da bancada federal de Mato Grosso do Sul. O restante aproveita o recesso para viajar com a família, sendo que os bolsonaristas boicotaram e repudiaram o evento.
A outra exceção é a deputada federal Camila Jara (PT), que deve participar do ato “O Brasil se une em Defesa da Democracia” em Campo Grande, nesta segunda-feira (8). O evento é organizado por sindicatos, organizações não governamentais, movimentos sociais e partidos de esquerda.
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O evento em Brasília, nomeado “Democracia Inabalada”, teve a participação dos chefes dos Três Poderes, além de Lula, dos presidentes do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. Arthur Lira (PP-AL), da Câmara dos Deputados, alegou problemas familiares e não compareceu.
A organização enviou convites para os governadores dos 27 estados. O governador em exercício de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), vai cumprir “agenda interna” na Governadoria e confirmou que não participará do ato para lembrar um ano dos ataques à democracia.
O evento para lembrar um ano dos atos antidemocráticos, quando milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram os prédios do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto, teve a participação de pelo menos 500 autoridades.
Soraya Thronicke chegou a ser citada por Barroso, como representante da classe política no evento ao lado da governadora interina do DF, Celina Leão (PP).
No entanto, a solenidade ocorreu em meio ao recesso parlamentar, as férias dos políticos, em todo País. A maioria aproveita o período com a família, como é o caso do deputado federal Vander Loubet (PT). Beto Pereira, Geraldo Resende e Dagoberto Nogueira, do PSDB, também não compareceram.
A bancada bolsonarista, formada pelos senadores Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP), além dos deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, do PL, e Dr. Luiz Ovando (PP), não apenas faltaram, mas também demonstraram repúdio ao evento promovido por Lula.
Nelsinho e Tereza assinaram manifesto contra o ato, no qual criticam o presidente da República e o Supremo Tribunal Federal. O ex-prefeito de Campo Grande, apesar de ser apoiador de Bolsonaro, faz parte de partido da base do governo Lula, que tem como principal aliado o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Luiz Ovando, em suas redes sociais, publicou uma nota de repúdio ao evento.
“A pronta adesão do presidente do Congresso e do Presidente do STF aos desejos de Lula, no evento de ‘coroação’ de um governo que falsamente busca uma imagem democrática, é inadmissível”, criticou.
Democracia Inabalada
O presidente Lula e os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e do STF, Luís Roberto Barroso, se reuniram para lembrar 1 ano dos ataques golpistas. O ato em defesa da democracia teve também a presença do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, de governadores e ministros.
Em seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “não há perdão para quem atenta contra a democracia”.
“Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos. Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e contra o seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade. E a impunidade, como salvo conduto para novos atos terroristas”, afirmou Lula.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, disse que jamais serão esquecidos os atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado, quando a sede da Corte foi invadida e depredada, e que se deve “manter viva a memória” daquele dia.
“Jamais esqueceremos! E estamos aqui para manter viva a memória do episódio que remete ao país que não queremos. O país da intolerância, do desrespeito ao resultado eleitoral, da violência destrutiva contra as instituições. Um Brasil que não parece com o Brasil”, disse o ministro.
O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, anunciou a retirada das grades que cercam o prédio do Legislativo. Ele também afirmou que os Poderes estão “vigilantes” contra ações de “traidores da pátria”.
“É chegada a hora, em 8 de janeiro de 2024, um ano após esta tragédia democrática do Brasil, abrir o Congresso Nacional para o povo brasileiro. Retirar essas grades que circundam o Congresso Nacional para que todos tenham a compreensão de que esta Casa é a casa deles, é a casa do povo, é a casa de representantes eleitos, onde as decisões devem ser tomadas para o rumo do Brasil”, declarou Pacheco.
Presidente do TSE, Alexandre de Moraes disse que o STF continuará investigando e responsabilizando os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro. O magistrado afirmou que não se pode confundir “paz e união com impunidade”. Ele também defendeu a regulamentação das redes sociais e o combate à desinformação, que classificou como instrumento de “corrosão” da democracia.
“Hoje também é o momento de reafirmar para o presente, que somos um único país. Somos um único povo. E, que a paz e a união de todos os brasileiros e brasileiras, devem estar no centro das prioridades dos Três Poderes e de todas as instituições. Mas o fortalecimento da democracia não permite confundirmos paz e união com apaziguamento e esquecimento”, afirmou Moraes.
“A impunidade não representa paz nem união. Todos, absolutamente todos, que compactuaram com a quebra da democracia e a tentativa de instalação de um Estado de exceção, serão devidamente investigados, processados e responsabilizados na medida de suas culpabilidades”, prosseguiu.
“Esse maléfico e novo populismo digital extremista evolui nos métodos do nazista e fascista no início do século 20”, expressou o presidente do TSE.