Ministra do Planejamento, a sul-mato-grossense Simone Tebet (MDB) saiu em defesa do padre Júlio Lancellotti. O sacerdote é alvo de vereadores de São Paulo que querem investigar a sua atuação como coordenador da Pastoral do Povo de Ruas junto a ONGs que prestam apoio à população em situação de rua no centro da capital paulista.
Apesar do padre não ser citado nominalmente no requerimento de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito, o vereador que fez o pedido, Rubinho Nunes (União), fez diversas declarações, inclusive pelas redes sociais, em que afirma que Lancellotti é o principal alvo.
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Há anos, o religioso desenvolve um reconhecido trabalho de cuidado com pessoas em situação de rua na Cracolândia, nome popular dado à região ocupada por usuários e dependentes químicos.
A repercussão do caso ganhou destaque em todo o País, com manifestações da ministra Simone Tebet e até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em favor de padre Júlio.
“Nossa solidariedade ao Padre Júlio Lancellotti, que faz da sua palavra uma ação cotidiana. Seu trabalho em defesa da população em situação de rua e sua atuação crítica devem ser valorizados, pois nos ajudam a sair da zona de conforto e a avançar nas políticas públicas”, declarou a ministra do Planejamento, nesta sexta-feira (5).
“O uso de CPI como forma de autopromoção eleitoral, conteúdos caluniosos nas redes sociais na busca por likes em detrimento da verdade e o debate que desqualifica moralmente o oponente com objetivos eminentemente eleitoreiros merecem nosso repúdio. É preciso subir a régua da política nacional”, completou Tebet.
Nossa solidariedade ao Padre Júlio Lancellotti, que faz da sua palavra uma ação cotidiana. Seu trabalho em defesa da população em situação de rua e sua atuação crítica devem ser valorizados, pois nos ajudam a sair da zona de conforto e a avançar nas políticas públicas.
O uso de…— Simone Tebet (@simonetebetbr) January 5, 2024
No dia anterior, quinta-feira (4), o presidente Lula também publicou uma mensagem em apoio ao padre.
“Graças a Deus a gente tem figuras como o Padre Julio Lancelloti, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania às pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus. Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa”, escreveu Lula.
A Arquidiocese de São Paulo informou, por nota divulgada na quinta-feira, que “acompanha com perplexidade” a tentativa de abertura de uma CPI para investigar o padre Júlio Lancellotti.
Na nota, a Arquidiocese de São Paulo questiona a coincidência dessa nova movimentação de Nunes, que é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), em um ano de eleições municipais.
“Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral?”, questiona a entidade.
No requerimento de abertura da CPI, o vereador Rubinho Nunes afirma que a intenção é investigar ONGs que “fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento dos dependentes químicos que frequentam a região da Cracolândia”.
O requerimento para a criação da CPI colheu as assinaturas necessárias e foi protocolado na Câmara no dia 6 de dezembro do ano passado. Após a repercussão negativa do caso, porém, quatro vereadores da Câmara Municipal de São Paulo decidiram retirar seus apoios.