O ano de 2023 foi de fogo amigo contra Zeca do PT. O ex-governador conseguiu unir petistas e bolsonaristas ao condenar a ocupação de terra por indígenas e a situação piorou ao homenagear o ex-presidente Michel Temer (MDB), algoz no impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Em outra vertente, o ex-chefe do Parque dos Poderes André Puccinelli voltou a sonhar em retomar o comando da Prefeitura de Campo Grande pela terceira vez. Em novembro, após animado anúncio nas redes sociais, o cacique emedebista passou a se portar como candidato de oposição, criticando a atual gestão e propondo mudanças.
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Em março deste ano, o deputado estadual Zeca do PT conquistou um feito e tanto, unir direita e esquerda para criticá-lo após condenar a ocupação da sede da fazenda Inho, em Rio Brilhante.
Enquanto petistas o chamaram de incoerente por ir contra bandeiras do partido, bolsonaristas disseram que o ex-governador defendeu uma ocupação em fevereiro e passou a condenar quando a fazenda era de um correligionário e amigo.
Zeca discursou no plenário da Assembleia Legislativa contra a ocupação da propriedade do presidente do diretório do PT de Rio Brilhante, José Raul das Neves Junior.
Após a declaração ganhar repercussão, o secretário Executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, criticou o ex-governador. O Setorial Indígena do PT de Dourados também repudiou as declarações do deputado estadual.
O presidente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores, Vladimir Ferreira, também cobrou coerência do parlamentar em relação às bandeiras históricas defendidas pela sigla.
Bolsonaristas, por outro lado, trataram com ironia o repúdio de Zeca do PT à invasão de propriedades privadas, e que estaria “provando do próprio veneno”. Como de praxe, pegaram o vídeo da declaração, legendaram com críticas ao petista, e distribuíram nas redes sociais.
Homenagem a Temer e adeus prefeitura
O que estava conturbado azedou de vez em agosto, quando foi anunciado que Zeca do PT participaria de uma homenagem, em setembro, ao ex-presidente Michel Temer feita pela Frente Parlamentar para o Acompanhamento da Implantação da Rota Bioceânica. Também seriam homenageados o ex-ministro Carlos Marun (MDB) e o ex-presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez.
Na sequência, mais fogo amigo petista contra o ex-governador. Vladmir Ferreira voltou à carga e detonou o correligionário. Em longo texto, afirmou que “homenagear golpista, é homenagear o golpe”.
Bombardeado pela militância e pela cúpula petista, Zeca do PT decidiu retirar, de forma “definitiva e irredutível”, a pré-candidatura a prefeito de Campo Grande. Ele iria disputar a prefeitura pela 3ª vez.
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Terceiro mandato?
Por outro lado, quem não desistiu de retornar ao comando do Paço Municipal da Capital é André Puccinelli. Líder nas pesquisas de intenção de voto, o emedebista está animado para a disputa, mesmo que esteja na ponta também no quesito rejeição.
Ex-deputado estadual, ex-deputado federal, prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos, Puccinelli aparece na liderança em todas as pesquisas de opinião.
No entanto, sem a máquina da prefeitura e do Governo nas mãos, o emedebista estava reticente de entrar na disputa e correr o risco de repetir o vexame do ano passado, quando ficou fora do 2º turno para dois estreantes, o atual governador, Eduardo Riedel (PSDB), e o ex-deputado estadual Capital Contar (PRTB).
O maior desafio de Puccinelli é reduzir a alta taxa de rejeição, impulsionada pelas denúncias de corrupção e pelas denúncias decorrentes da Operação Lama Asfáltica, deflagrada pela Polícia Federal desde 2015.
“Estavam espalhando que estava fora da parada. Que já haviam me acertado. Conversa. Sou pré-candidato (a prefeito)”, declarou André.
Desde o início do ano, o ex-governador tem usado com frequência as redes sociais para lembrar à população dos projetos realizados em Campo Grande, como a Feirona, a retirada dos trilhos do centro da cidade, a Via Morena e os prolongamentos das avenidas Ernesto Geisel.
André não descarta aliança com o PSDB, mas para repetir a dobradinha no passado, quando os tucanos indicaram o empresário Osvaldo Possari como vice-prefeito nos dois mandatos do emedebista.
Nos próximos meses, com a aproximação das eleições em outubro de 2024, as articulações políticas devem esquentar e as definições serem consolidadas.
Além de André, a Capital tem como pré-candidatos a prefeita Adriane Lopes (PP), Beto Pereira (PSDB), Camila Jara (PT), o deputado estadual Lucas de Lima (PDT) e o vereador Professor André Luís (Rede). A direita está dividida entre apoiar um dos candidatos ou lançar Capitão Contar.