O ano de 2023 teve uma tendência nos plenários dos legislativos pelo País, a utilização de objetos para chamar a atenção e conquistar likes nas redes sociais, transformando as tribunas em verdadeiros palcos. Em Mato Grosso do Sul, a utilização de um livro do ícone máximo do nazismo, Adolf Hitler, ganhou repercussão nacional.
O caso ocorreu em março, quando o deputado estadual João Henrique Catan (PL) utilizou o livro “Mein Kampf” (Minha Luta), de Adolf Hitler, durante debate na Assembleia Legislativa em que pedia a aprovação de um requerimento ao Governo do Estado.
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O parlamentar solicitava a lista completa de nomeações de comissionados no Executivo, além de os que estão cedidos a outros órgãos, com informações de carga horária e remuneração destes servidores.
Na tribuna da Alems, o deputado apresentou o livro do líder nazista e responsável por conduzir a Alemanha à Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler. A cena de João Henrique Catan empunhando a obra ganhou as capas de sites e jornais pelo País.
O deputado bolsonarista justificou dizendo que o livro retrata as estratégias de Hitler para “aniquilar, fuzilar o parlamento e os direitos de representação popular”.
Em nota, a assessoria de João Henrique informou que o deputado usou o livro como “crítica às estratégias de Hitler para anular o parlamento e corromper a democracia”.
No mesmo mês, na Câmara dos Deputados, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), o Gordinho do Bolsonaro, levou uma abóbora à tribuna da Casa para ironizar a promessa de campanha do presidente Lula (PT) de levar picanha para o prato da população.
Rodolfo satirizou um vídeo em que Lula apareceu segurando uma abóbora e dizendo que se o povo puder plantar, ninguém vai passar fome no país. No entanto, o presidente estava em uma feira, onde o fruto, naturalmente, fica exposto aos consumidores.
Outro parlamentar que decidiu adotar a utilização de objetos para chamar a atenção foi o vereador de Campo Grande Tiago Vargas (PSD).
Em março, o edil levou flores para criticar a repercussão do caso de uma jornalista que ficou na mira de um fuzil da polícia durante reportagem em comunidade de Guarujá (SP). Vargas sugeriu que a PM usasse flores em vez do armamento de fogo.
Neste mês de dezembro, Tiago usou uma carteira de trabalho para provocar artistas e produtores culturais que foram até a Câmara de Vereadores para cobrar mais investimentos no setor.
Em meio ao discurso, Tiago Vargas provocou os presentes com uma carteira de trabalho e disse para procurarem emprego na Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande). Isso gerou uma discussão que escalou a ponto de fazer o presidente Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), suspender a sessão.
Após o ocorrido, Carlão disse que puniria Tiago Vargas com uma advertência por escrito por ter gerado a confusão com os cidadãos que estavam na Câmara.
Lançou tendência
Todos os casos citados ocorreram após o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) vestir uma peruca durante discurso na tribuna da Câmara dos Deputados para fazer um discurso transfóbico no Dia Internacional das Mulheres. Ele falou que se sentia uma mulher transsexual e, por isso, teria “lugar de fala”.
Após críticas ao ocorrido, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), usou as redes sociais para fazer uma reprimenda pública ao deputado mineiro e disse que a Casa não é “palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos”. O que não impediu que os atos se espalhassem pelo País.