O ex-governador André Puccinelli (MDB) recuou da decisão de não disputar o comando da Prefeitura de Campo Grande pela 3ª vez e passou a se portar como candidato de oposição. Ele criticou a volta das favelas na Capital, que classificou como “vergonha”, e disse ser “ridículo” o projeto inovador dos corredores de ônibus, que vem construindo estações de embarque no meio da rua.
Ex-deputado estadual, ex-deputado federal, prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos, Puccinelli aparece na liderança em todas as pesquisas de opinião. No entanto, sem a máquina da prefeitura e do Governo nas mãos, o emedebista estava reticente de entrar na disputa e correr o risco de repetir o vexame do ano passado, quando ficou fora do 2º turno para dois estreantes, o atual governador, Eduardo Riedel (PSDB), e o ex-deputado estadual Capital Contar (PRTB).
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O maior desafio de Puccinelli é reduzir a alta taxa de rejeição, impulsionada pelas denúncias de corrupção e pelas denúncias decorrentes da Operação Lama Asfáltica, deflagrada pela Polícia Federal desde 2015.
“Estavam espalhando que estava fora da parada. Que já haviam me acertado. Conversa. Sou pré-candidato (a prefeito)”, afirmou André, garantindo que não vai amarelar na última hora, como ocorreu em 2002, quando desistiu de abrir mão da prefeitura para enfrentar Zeca do PT na disputa pelo Governo do Estado.
Desde o início do ano, o ex-governador tem usado com frequência as redes sociais para lembrar à população dos projetos realizados em Campo Grande, como a Feirona, a retirada dos trilhos do centro da cidade, a Via Morena e os prolongamentos das avenidas Ernesto Geisel.
Na gestão de Puccinelli, a propaganda era de que a Capital tinha acabado com as favelas. No entanto, o cenário urbano voltou a conviver com as habitações precárias. No caso mais notório foi a destruição de 80% dos 270 barracos da Favela do Mandela.
“Não constroem casas. Não geram empregos e voltaram as favelas em Campo Grande. VERGONHA”, acusou o emedebista, assumindo uma postura de oposição a atual prefeita. Adriane Lopes assumiu o cargo em abril do ano passado e teve como primeiro desafio o equilíbrio das contas públicas.
André também criticou os corredores do transporte coletivo, que terão investimentos de R$ 120 milhões. As obras estão paradas e parte dos pontos de ônibus viraram elefantes brancos no meio da rua, causando transtornos no trânsito e elevando o risco de acidente. “Estreitar vias com pontos de ônibus RIDÍCULO”, detonou Puccinelli, sinalizando que vai abandonar o projeto.
André também descartou ser vice do deputado federal Beto Pereira (PSDB), definido como candidato tucano pelo ex-governador Reinaldo Azambuja e por Riedel. “Vice eu ???? De jeito nenhum”, garantiu.
Ele não descarta aliança com o PSDB, mas para repetir a dobradinha no passado, quando os tucanos indicaram o empresário Osvaldo Possari como vice-prefeito nos dois mandatos do emedebista.
Com a definição de Puccinelli, a Capital passa a ter como pré-candidatos Adriane, Beto, Camila Jara (PT), o deputado estadual Lucas de Lima (PDT) e o vereador Professor André Luís (Rede). A direita está dividida entre apoiar um dos candidatos ou lançar Capitão Contar.
André pode entrar na disputa para valorizar o passe e negociar o apoio à sua candidatura em 2026, quando poderá disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados ou até uma vaga no Senado.