Um trio de jornalistas, entre eles um canadense, denunciaram terem sido vítimas de agressão de seguranças que trabalham em uma fazenda no município de Iguatemi, no sul de Mato Grosso do Sul. Eles estavam no local para participar de uma assembleia indígena Aty Guasu e verificar uma denúncia de sequestro de uma família Guarani Kaiowá.
De acordo com vídeo divulgado nas redes sociais, o trio relata ter ido à região após receber informações de que indígenas haviam sido sequestrados. No entanto, foram abordados por homens utilizando capuz e acabaram agredidos. Eles dizem que policiais militares viram a agressão, mas não fizeram nada.
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“Estávamos indo para outra retomada, depois de ouvir que algumas pessoas foram sequestradas e machucadas e que levaram tiros. Estávamos documentando a luta por terra dos Guarani. Nos identificamos claramente como jornalistas, explicando a razão pela qual estávamos lá. Umas 30 pessoas vieram até nós com caminhonetes e armas”, relatou o jornalista canadense.
“Vimos a raiva de maneira que nunca tínhamos visto, com facas no rosto, eles tremiam de raiva. A Polícia Militar passou por nós, pedimos ajuda, mas não fizeram nada. Só escapamos depois que pegaram tudo do carro”, completou a repórter.
URGENTE
— Leandro Barbosa (@Barbosa_Leandro) November 23, 2023
Jornalistas são agredidos por jagunços em Iguatemi, MS. Tomaram tudo deles, até o passaporte do homem que é canadense.
Eles estavam em uma retoma Guarani Kaiowá, para averiguar uma denúncia de que indígenas estavam sendo torturados. A comunidade segue ameaçada. pic.twitter.com/e5Q7TCCbxp
De acordo com a cacica Guarani Kaiowá Valdelice Veron, o jornalista estrangeiro foi ao local, onde uma família teria desaparecido
“Ele foi para lá tentar fazer uma matéria. Ele foi pego pelos pistoleiros da Fazenda Maringá e está sendo espancado”, explicou ao jornal O Globo, na noite de quarta-feira (22).
“Uma família Guarani Kaiowá foi sequestrada. Eles estavam vindo para Aty Guasu. O pai e a mãe, grávida de 7 meses, com dois filhos. Não sabemos se eles estão mortos, vivos”, relatou a advogada Talitha Camargo, que representa a cacica Valdelice Veron.
Ainda segundo ela, disparos de arma de fogo teriam sido feitos contra indígenas que tentaram intervir.
Segundo o delegado da Polícia Federal Eduardo Pereira, a PF e a Força Nacional realizaram diligências na região na noite de quarta-feira.