Enquanto seu grupo é alvo de operações da Polícia Federal, o ex-policial militar Sérgio Roberto de Carvalho, o Major Carvalho, 65 anos, é disputado por pelo menos quatro países para ser julgado pelos crimes de narcotráfico e lavagem de dinheiro.
Além da Bélgica, para onde foi extraditado, em junho deste ano, e instalado numa prisão chamada de “resort”, Carvalho tem pedidos de extradição feitos por Brasil, Estados Unidos e Espanha, de acordo com o jornal El País. A Interpol atribui ao “Pablo Escobar brasileiro” a entrada de cinquenta toneladas de cocaína na Europa.
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A Organização Internacional de Polícia Criminal pôs fim à fuga de 13 anos do ex-PM de Mato Grosso do Sul quando, em junho do ano passado, ele foi detido num restaurante em Budapeste, na Hungria, com a ajuda de vários informantes.
No Brasil, Carvalho voltou aos holofotes com a Operação Enterprise, no fim de 2020, da Polícia Federal, que o apontou como o chefe de uma megaorganização criminosa. Conforme a investigação, a quadrilha chefiada pelo sul-mato-grossense teria exportado R$ 2 bilhões em drogas para a Europa, África e Ásia.
A operação da PF apreendeu 37 aeronaves, 70 veículos e 170 imóveis que supostamente pertencem à organização criminosa chefiada por Carvalho. Ele chegou a usar uma identidade falsa e acabou sendo dado como morto para escapar da polícia de Portugal e da Espanha.
Decorrente da Enterprise, nesta sexta-feira (17), foram deflagradas as operações “Handmade” e “Descobridor”. A Justiça também decretou o bloqueio de R$ 80 milhões do grupo.
De acordo com a PF, “para ocultar a origem ilícita dos recursos do tráfico de drogas, os líderes da organização criminosa, por meio de uma complexa cadeia de atos ilícitos, importavam roupas da China e as disponibilizavam em redes de loja do varejo têxtil, utilizando o chamado “branqueamento” do recurso ilícito”.
Após a venda dessas mercadorias, o dinheiro “sujo” retornava para a organização criminosa já “lavado”, dificultando a identificação da origem criminosa dos valores. Na ação de hoje, carros, dinheiro em espécie, jóias e outros itens de interesse da investigação foram apreendidos pela PF.
Os alvos das operações devem responder pelos crimes de associação criminosa e lavagem de capitais, cujas penas, somadas, podem ultrapassar dez anos de reclusão.