Os donos da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista, decidiram apostar em outra frente para tentar anular a venda da Eldorado Celulose para a Paper Excellence e manter o controle da fábrica em Três Lagoas. Eles alegam que foram “vítimas de uma armação” do Ministério Público Federal em petição encaminhada ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
O recurso foi apresentado na esteira da decisão do ministro, que anulou as provas coletadas na Odebrecht na Operação Lava Jato contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-senador Delcídio do Amaral. O ministro chegou a afirmar que o atual ocupante do Palácio do Planalto foi vítima do maior “erro da história” do Poder Judiciário brasileiro.
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A partir desse entendimento do ministro, a J&F apresentou nesta semana um recurso no Supremo em que pede a Toffoli o mesmo tratamento dispensado à empreiteira metida na Lava-Jato com alguns adendos, de acordo com a coluna Radar, da revista Veja.
No recurso de 47 páginas, Joesley e Wesley Batista dizem que foram obrigados pelo MPF a se desfazer do patrimônio, como no caso da venda da Eldorado para a Paper Excellence. Eles pedem que Toffoli suspenda “todos os negócios jurídicos de caráter patrimonial decorrentes da situação de inconstitucionalidade estrutural e abusiva em que se desenvolveram as Operações Lava Jato e suas decorrentes, Greenfield, Sépsis Cui Bono”.
“A Requerente, por estar a mercê dos abusos da Lava-Jato, viu-se forçada a realizar diversos negócios jurídicos patrimoniais desvantajosos. A título de exemplo, pode-se citar as vendas da Eldorado, da Vigor e da Alpargatas, que, à época, somavam quantia de aproximadamente 24 bilhões”, diz a J&F.
O recurso é mais uma frente na guerra travada entre os donos da JBS e o polêmico indonésio Jackson Widjaja, dono da Paper. No Tribunal de Justiça de São Paulo, o julgamento tem sido favorável ao indonésio.
Por outro lado, a J & F Investimentos teve uma decisão favorável do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que suspendeu a venda por não ter aval do Congresso Nacional nem do Incra por envolver a posse de 230 mil hectares de terras. A mesma justificativa é usada pelo Ministério Público Federal em Três Lagoas para pedir a anulação do negócio e manter a Eldorado nas mãos da família Batista.
Em nota para coluna Radar, a Paper lamentou a nova estratégia dos irmãos Batista.