Mais de um ano após determinação da Justiça, casal de comerciantes diz que SPC e Serasa não retiraram seus nomes da lista de negativados. Eles foram parar no serviço de proteção ao crédito por supostamente terem sido vítimas do golpe do falso leilão aplicado pelo ex-prefeito Gilmar Olarte (sem partido) e ficaram com uma dívida de R$ 61 mil.
O juiz da 8ª Vara Cível de Campo Grande, Mauro Nering Karloh, havia determinado a exclusão dos nomes em maio do ano passado. No entanto, o casal afirma que a decisão liminar não foi cumprida. Com isso, o magistrado mandou notificar diretamente o SPC e Serasa para cumprir a decisão no prazo de cinco dias, sob risco de multa diária de R$ 5 mil.
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As vítimas tiveram seus nomes inscritos nos serviços de proteção ao crédito por uma dívida de R$ 61.624,24, vencida em outubro de 2021, no Banco Safra.
O processo corre desde março de 2022. Olarte é acusado por golpe de aproximadamente R$ 400 mil em um casal de fiéis da Assembleia de Deus Nova Aliança. À época, o ex-prefeito de Campo Grande estava cumprindo pena no Presídio da Gameleira.
Como Gilmar Olarte e o outro acusado, Diego Aparecido Francisco, não constituíram advogado para representá-los, o juiz nomeou a Defensoria Pública para o exercício da Curadoria Especial da dupla.
“Na sequência, considerando que o réu preso e o citado por hora certa, não constituíram advogado, nos moldes do art. 72, inciso II e parágrafo único, nomeio a Defensoria Pública para o exercício da Curadoria Especial destes réus”, determinou Mauro Nering Karloh, em decisão do dia 26 de outubro.
O golpe
As vítimas relataram que foram procuradas por Gilmar Olarte em novembro de 2020, que apresentou proposta de intermediar a venda de um prédio comercial na Avenida Marechal Deodoro, no Jardim Tijuca, em Campo Grande. O imóvel estaria indo a leilão por R$ 350 mil.
Para “ajudar” o casal de amigos, o ex-prefeito indicou Diego Francisco, que seria advogado especializado em transações imobiliárias, para ajudá-los a fechar mais rapidamente a compra do imóvel. Para intermediar a transação, ele cobrou R$ 60 mil.
Conforme o braço direito do ex-prefeito, os comerciantes deveriam dar R$ 50 mil como sinal, que foi feito com a entrega de R$ 15 mil em dinheiro, mais transferência de R$ 15 mil e dois cheques de R$ 10 mil, que foram descontados em novembro e dezembro de 2020.
Segundo a denúncia, Diego Francisco se prontificou a viabilizar um empréstimo de R$ 1 milhão no Banco Safra. O financiamento teve o aval da gerente, Alessandra Carrilho de Araújo, que se reuniu com o casal no escritório de Diego no Edifício Evolution, um prédio de salas comerciais nos altos da Afonso Pena.
Graças ao empréstimo de R$ 350 mil do banco, o casal acabou repassando o dinheiro para Diego quitar a compra do prédio comercial.
Conforme o relato do empresário, com o passar do tempo, ele acabou descobrindo que não existia leilão nenhum. Pressionado, Gilmar Olarte ainda tranquilizou o fiel de que tudo estava dando certo. Ele garantiu que todos os atos eram “lícitos e regulares”. No entanto, a venda jamais se concretizou.
Conversas de WhatsApp mostram frases de Olarte como “prédio garantido para vocês” e “fica em paz”. O casal ainda pagou mais R$ 127 mil a Diego sendo R$ 100 mil para resolver problemas e R$ 27 mil por um caminhão nunca entregue.
Após a ameaça de levar o golpe à polícia, Diego depositou cheques o total de R$ 723 mil, mas todos sem fundos. Uma cédula de R$ 100 mil era de Olarte.
O casal calcula prejuízo de R$ 800 mil. Sem dinheiro e sem prédio, as vítimas começaram a ser cobradas pelo empréstimo, com parcelas de R$ 18 mil. Eles tiveram seus nomes inscritos no SPC e Serasa por uma dívida de R$ 61.624,24, vencida em outubro de 2021, no Banco Safra.
Diego nega o golpe, enquanto a gerente afirma que somente aprovou o financiamento, mas desconhecia irregularidades.
Em ação na vara criminal, a defesa de Olarte alega a inocência do pastor, mas deixa para discutir o mérito da acusação de estelionato no decorrer do processo.