O pedreiro Luiz Carlos Vareiro, também conhecido como o “Véio”, 67 anos, vai responder a mais uma ação penal na Justiça de Campo Grande. Agora, se tornou réu por falsificar alteração de contrato social de empresa, dilapidando o patrimônio da vítima.
No currículo, ele, que é semianalfabeto, já tem denúncias por ser sócio de “laranja” em empresa, ter liderado o grupo contratado para roubar propina de Polaco e vender bens de empresário famoso, fundador de uma gigante do agronegócio.
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Nesta semana, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público Estadual contra Deise Honório de Oliveira, George Hamilton Vareiro Alles e Luiz Carlos Vareiro. De acordo com a promotoria, o trio falsificou a assinatura da proprietária da Ebel Ltda (Empresa Brasileira de Empreendimentos).
No dia 8 de julho de 2017, na Jucems (Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul), no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande, eles simplesmente excluíram a dona da empresa da sociedade e colocaram Deise como a sócia-administradora. Neste golpe, bastou falsificar a assinatura da verdadeira proprietária da Ebel.
Na sequência, entre os dias 29 de novembro de 2017 e 4 de janeiro de 2018, eles consumaram o crime de estelionato. No Cartório Ayache – 3º Ofício, no Centro da Capital, os denunciados obtiveram vantagem ilícita vendendo bens da empresa.
“Após realizarem a fraudulenta alteração contratual inserindo a codenunciada Deise como sócia-administradora da empresa EBEL – Empresa Brasileira de Empreendimentos LTDA (fraude), os denunciados dilapidaram o patrimônio da vítima (…), realizando a venda de imóveis pertencentes a referida empresa (prejuízo alheio)”, afirma o promotor Oscar de Almeida Bessa Filho.
No cartório, o trio transferiu a posse de terreno na Chácara dos Poderes da empresa para uma pessoa física. Depois, George e Luiz, que se passaram por corretores de imóveis, venderam o terreno para um terceiro por R$ 85 mil. O comprador não sabia das fraudes e se tonou mais uma vítima.
Em março de 2018, de volta ao Cartório Ayache, Deise fez procuração para que um terceiro pudesse negociar outro terreno na Chácara dos Poderes, também pertencente ao patrimônio da empresa da qual se tornara sócia por meio de fraude.
De novo se passando por corretores, George e Luiz negociaram o terreno por R$ 50 mil com o mesmo comprador da primeira área. Mas o golpe só não deu certo porque o filho da verdadeira dona da empresa procurou o cartório para denunciar que a assinatura da mãe tinha sido falsificada.
O MPE pede a condenação por estelionato e que os réus paguem pelos danos aos patrimônio das vítimas. A Justiça recebeu a denúncia.
“Pois bem, ante a preliminar de inépcia da inicial, verifico que a peça acusatória descreve o fato criminoso com as suas circunstâncias, a qualificação dos acusados, a classificação do crime e o rol de testemunhas, revelando-se apta, portanto, para inaugurar a ação penal, permitindo aos acusados pleno conhecimento dos fatos a eles imputados, inclusive para exercício da ampla defesa e observância ao contraditório, estando, assim presente a justa causa, motivo pelo qual indefiro a tese defensiva”.
Ousadia
No ano de 2017, Luiz Vareiro tentou vender por três vezes, de forma fraudulenta, um mesmo sítio, localizado perto do aeroporto, em Campo Grande. A encenação incluía um comparsa, que se passava pelo verdadeiro dono do sítio. No caso, o empresário José Gomes Cadette, que reside em São Paulo e é fundador da Granol, uma gigante do agronegócio, com mais de 50 anos de tradição.
Propina
Em outro processo, o Véio confessou à polícia que foi contratado para roubar propina de R$ 300 mil paga ao corretor de gado José Ricardo Gutti Guímaro, o Polaco. Conforme a versão, que chegou a ser veiculada pelo Fantástico, da TV Globo, Rodrigo Souza e Silva, filho do então governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o contratou para recuperar o valor. O filho do ex-governador foi inocentado e os demais aguardam julgamento.
Laranja
Luiz Carlos Vareiro é um dos sócios da Ciacon Construções e Obras. A empresa recebeu R$ 895,5 mil em 2012 da Prefeitura de Campo Grande por uma obra incompleta, malfeita e com a utilização de material de baixa qualidade.