Albertino Ribeiro
Hoje é um dia muito importante para os argentinos, pois escolherão o seu presidente em meio a uma grande crise econômica e social; um cenário perigoso, pois é justamente nessas horas que aparecem populistas e extremistas como salvadores da pátria.
Pelo que me parece, grande parte dos eleitores argentinos está inclinada a votar justamente em um candidato extremista, que se apresenta como um outsider da política. É incrível como a estratégia é a mesma em qualquer lugar do mundo.
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O candidato de estrema direita, Javier Melei, do partido A Liberdade Avança, apresenta-se como o grande salvador da pátria, o herói que vai colocar a economia argentina de volta ao equilíbrio. Nada mais absurdo, pois suas propostas representam um verdadeiro cavalo de pau na economia do país e provocará um grande desarranjo naquilo que já está praticamente um caos.
Além dos coices típicos de um cavalo, que o candidato extremista costuma dar na imprensa e nos adversários políticos – uma verdadeira imitação de Jair Bolsonaro -, Javier Milei quer reproduzir no país vizinho as propostas do economista Domingos Cavalo, no início dos anos 2000, ou seja, dolarizar a economia. Uma ideia “Jumentesca”, que é apontada pela maioria dos especialistas como principal responsável pela crise que a Argentina atravessa desde o início dos anos dois mil.
Milei disse que vai dolarizar a economia e com isso acabará com a inflação argentina, que hoje está em 138,3% ao ano. Seria uma espécie de âncora para evitar a flutuação dos preços. O problema é que seria necessário a obtenção de muitos dólares de reservas para que isso fosse possível. É justamente aí que está o problema. Como o país conseguiria esses dólares, em um contexto em que as exportações não conseguem nem mesmo pagar as importações?
Trata-se de um plano fadado ao fracasso. Ademais, a própria eleição do extremista já assusta o mercado internacional. Destarte, como o virtual presidente dos hermanos conseguiria fazer uma reserva de dólares suficiente para bancar uma dolarização? Os especialistas consideram a ideia quase impossível.
Além da loucura da dolarização, o populista de primeira viagem deseja sair do Mercosul e cortar relações com a China, seu segundo maior parceiro comercial. São ideias que desde já estão fadadas ao fracasso. Se hoje as exportações não pagam as importações, como será possível arrecadar dólares para fazer uma âncora cambial, se houver rompimento das atuais relações comerciais.
Talvez alguém, com um senso de humor, venha a dizer: “pior do que está não fica”. Ledo engano! Com as ideias irresponsáveis de Milei, a situação dos nossos hermanos ficará bem pior do que está.