Mário Pinheiro, de Paris
As imagens da entrada brutal do grupo radical Hamas sobre Israel são chocantes, terríveis e desoladoras. Afinal, ninguém pode sustentar e apoiar atos de violência de tal extremismo. Mas é preciso colocar o pingo no i e tem muita coisa mal explicada que chegam plenas de julgamentos de valor e falta de conhecimento.
Quando crianças e velhos são pegos pelas balas, não há consolação. Mas convenhamos, Israel tem direito de se defender contra os ataques, mas esse mesmo direito é negado aos palestinos quando a Cisjordânia é invadida por tratores, canhões e aviões israelenses. O pior de tudo é que a comunidade internacional parece ficar muda.
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Israel foi criado em maio de 1948 pela ONU que queria reunir os judeus e garantir-lhes uma terra tendo Jerusalem como capital para os dois lados. No entanto, é preciso levar em conta que 750 mil palestinos foram expulsos de suas casas e terras, 400 vilas foram destruídas pela força paramilitar judia denominada milícia Hagana, sob comando dos britânicos, para dar espaço aos “gentios”.
Para Israel foi denominado 52% das terras contra 48% aos palestinos, mas hoje as colônias abocanharam muito mais e aos palestinos restam 12% das terras. Enquanto o Hamas é um pequeno grupo violento que não representa a Palestina, Israel é um Estado violento que conta com ajuda de países ocidentais, na ponta os EUA, com toda capacidade bélica de extermínio. É triste o que fez o Hamas sim, mas é covarde o poder de fogo destruidor israelense.
Faz 75 anos que Israel invade, expulsa famílias, coloniza com maestria a violência sobre a Palestina. Israel, assim como Estados Unidos, não fazem parte do Tribunal Internacional de Haia. Portanto, eles podem cometer o crime de guerra que desejarem, não há choro nem vela, quem perde é o mais fraco em nome da “democracia” sangrenta.
Um país que oprime, rouba, impõe-se, enriquece-se e se diz democrático na hora de aumentar suas colônias, não pode chorar quando a vítima reclama com requintes estratégicos e frieza na execução. Os ditos “bárbaros” que tiveram suas terras invadidas, riquezas roubadas, mulheres e homens transformados em escravos, um dia revidaram contra os romanos.
No final de 2008 a ofensiva aérea e terrestre de Israel sobre a Palestina matou 1.440 palestinos; em 2012 outro ataque de aviões durante oito dias foi o suficiente para executar 174 árabes. Em julho 2014, uma operação militar liquidou 2.250 palestinos, sobretudo civis.
Onde estavam os países democráticos e o povo sentimentalista face ao terror israelense? A Palestina resiste e assiste ao roubo de suas próprias terras. Quando se corta luz, água, alimentos, material de construção e remédio aos hospitais, há que se questionar quem é o terrorista?
Quando o Hamas ataca Israel é caso para o descaso, combate e extermínio, conforme a ordem dada aos palestinos da faixa de Gaza para abandonarem suas casas em 24 horas e irem para o sul, mas quando Israel faz horrores contra palestinos é quase normal, ninguém se alarma contra a extrema direita do governo.
O objetivo central do governo do primeiro ministro Benyamin Netanyahou é a extinção completa da Palestina através das invasões que ele chama de colônias e kibuts. É o apartheid. Netanyahou mostra o dedo do meio ao direito internacional e à ONU. O direito de viver livre pertence a todos.