Os últimos dias têm sido movimentados em São Gabriel do Oeste, município a 133 km de Campo Grande. A instalação de uma CPI desencadeou uma investigação que levou uma servidora a fazer boletim de ocorrência em que confessou a existência de desvio e levou ao afastamento da presidente da Fundação de Saúde.
No início de setembro, a Câmara de Vereadores abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar denúncia de irregularidades na Fundação de Saúde (Funsaúde), responsável pela gestão do Hospital Municipal. Com mais de um mês de apuração, o vereador Vagner Trindade (PSDB) divulgou que servidores foram demitidos e a polícia foi acionada.
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“Semana passada, já houve um boletim de ocorrência e a demissão de dois servidores do Hospital Municipal. Uma servidora responsável pelos recursos humanos e um médico. O boletim de ocorrência é grave e relata ato de corrupção dentro do Hospital Municipal nunca visto na história de São Gabriel do Oeste”, afirmou Vagner, nesta terça-feira (10).
De acordo com o vereador, no relato da servidora no BO, ela confessa que “roubou” dinheiro público. Valores eram pagos a mais ao médico que, por sua vez, devolvia na conta bancária da responsável pelo RH, e esta ficava com a verba.
“Ela exerceu, desde 2017, o cargo de responsável pelos recursos humanos e os fatos, segundo ela, aconteceram em 2022. Ela não se recorda da quantidade de vezes que aconteceu o furto, e que era responsável por passar a quantidade de plantões e sobreavisos aos setor financeiro do hospital, e passou quantidades de plantões excessivamente do médico que também foi demitido”, explicou Vagner Trindade.
Conforme o relato à polícia e divulgado pelo parlamentar, a servidora diz que não avisou à presidente da Fundação de Saúde que pedia para que os valores dos excessos de plantões fossem depositados na sua conta pessoal pelo médico. O caso teria sido descoberto no dia 2 de outubro.
Na última terça-feira (10), foi publicado o afastamento preventivo da presidente da Fundação de Saúde, Michele Alves Pauperio, pelo prazo de 60 dias. De acordo com o decreto do prefeito Jeferson Luiz Tomazoni (PSDB), a medida foi tomada para que a servidora não interfira na apuração das irregularidades pela sindicância.
Apesar do afastamento, que pode ser prorrogado por mais 60 dias, a presidente da Funsaúde vai continuar recebendo salário.
O presidente da CPI da Saúde, vereador Frederico Marcondes Neto (Podemos), disse que os novos fatos serão investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual, mas podem ser alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito.
“Agora virou um crime de peculato. Pode ter mais coisas? Pode. É um médico envolvido ou são vinte médicos? É complicado, a gente não queria entrar nessa coisa horrível que é corrupção. Nós gostaríamos de ter um andamento e uma correção para que o hospital atendesse cada vez mais”, afirmou Frederico.