Alvo da operação Traquetos e atualmente cumprindo prisão domiciliar em condomínio de luxo, o pecuarista Milton Moro Rabesquine, 43 anos, é retratado na ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) como um investidor do tráfico em busca de negócios mais rentáveis, mas que se preocupava em ter garantias, a exemplo das adotadas no mercado formal, para não perder dinheiro.
Durante o transporte da maconha, Milton, que é acusado de investir R$ 1 milhão no crime, ficava com veículos de luxo e promissórias como cláusula de segurança.
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“Na condição de financiador, MILTON MORO RABESQUINE não tinha nenhum contato com a droga, mas como garantia de seu investimento passou a reter veículos em sua residência, localizado em um condomínio de alto padrão desta capital, que eram providenciados pelo intermediário DIEGO FERNANDES SILVA, em ação que acabou por revelar a participação de ambos na organização criminosa”.
Diego já foi condenado por tráfico de drogas na região de Jardim. Milton, que mora no residencial de luxo Damha 2, em Campo Grande, passou a contar, segundo o Gaeco, com uma nova fonte de renda, que não era constante nem uniforme, mas que passou a lhe proporcionar altíssimo rendimento.
Durante o transporte da droga, carrões eram levados para a residência do pecuarista como garantia. Os veículos eram de integrantes da organização criminosa ou de pessoas ligadas ao grupo.
O ingresso no residencial de luxo era sempre com o pecuarista ou a esposa na direção. Desta forma, o condutor não precisava fazer o cadastro para acesso ao Damha 2.
Avaliada em R$ 500 mil, uma Dodge Ram 2.500 Laramie foi encontrada na casa do pecuarista. Contudo, durante a investigação também foi vista na oficina de Florisvaldo de Gaspari Favareto, o Gaspar, apontado como líder da organização criminosa, mas que está foragido. Gaspar outorgou procuração para que Diego tivesse plenos poderes sobre a caminhonete.
Diego ainda tinha documento que o autorizava a negociar um veículo Land Rover Discovery Sport HSE. Esse automóvel também ficou guardado na cada do pecuarista.
Em 16 de fevereiro deste ano, um homem deixou uma caminhonete Toyota Hilux na entrada do condomínio de luxo. Na sequência, a esposa do pecuarista entrou no residencial com a caminhonete.
Dias depois, na data de 1º de março, o casal devolveu a caminhonete. “Demonstrando que o automóvel ficou retido na residência do casal por período certo, como uma garantia”.
“Chama a atenção também o cuidado de MILTON MORO RABESQUINE de fazer ingressar os automóveis no condomínio sempre na sua direção ou de sua esposa, como moradores, para que os demais integrantes da organização, que os levavam até lá, não fossem identificados pela portaria do residencial, onde é exigida habilitação e fotografia”.
Além dos automóveis, que eram encaminhados por período certo, o pecuarista, como forma de garantir o seu investimento no tráfico de drogas, guardava R$ 942.000 em notas promissórias de Diego.
O nome da operação faz alusão à “cultura traqueta”, que é composta por hábitos, termos e símbolos que foram criados nos primeiros anos dos cartéis de drogas de Medellín e Cali. Destaque-se que, na Colômbia, os narcotraficantes à moda antiga são conhecidos como “traquetos”.