Albertino Ribeiro
O inglês David Ricardo, um dos economistas mais brilhantes da história do pensamento econômico, trouxe para o debate, ainda no século XIX, a teoria das vantagens comparativas. Segundo Ricardo, um país deveria produzir apenas aquilo para o qual tivesse vocação. Para o pensador inglês deveria haver uma divisão internacional do trabalho, em que países com vocação extrativistas seriam apenas exportadores de comodities, compensando sua carência de produtos manufaturados, importando-os dos países industrializados., ou seja, “cada um no seu quadrado”.
Contudo, ainda no século XIX, os EUA, possuidor de uma vocação agrícola, resolveu desafiar esse determinismo econômico e desenvolveu sua indústria doméstica; foi um verdadeiro sacrilégio para a teoria econômica da época, mas transformou os EUA na maior economia do mundo.
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Por seu turno, o Brasil aceitou passivamente sua vocação e seguiu a lei do menor esforço, privilegiando o extrativismo. Essa escolha criou uma elite agrária e tendente ao atraso, que aprisionou o país na renda média, deixando como legado empregos mal remunerados e de baixa qualificação.
Contudo, a história econômica está dando mais uma chance a nossa nação. Refiro-me a bioeconomia que nos permitirá dar um salto tecnológico de qualidade e sinérgico, sem ignorarmos o nosso enorme ativo ambiental.
A tecnologia verde tem o condão de transformar o Brasil em um líder mundial e proeminente no desenvolvimento de soluções sustentáveis para o mundo. Em um futuro, não muito longe, não será necessário mais dependermos exclusivamente das comodities para que a nossa economia cresça e traga divisas.
Segundo matéria do G1, na semana passada, no Brasil 47% das indústrias têm projetos voltados para a ecoinovação, inclusive, o conjunto dessas empresas divulgou carta, pedindo ao Governo federal uma política de fomento para a Bioeconomia.
Sem dúvida, este é momento, pois o governo atual não é negacionista e está solícito aos interesses do setor, que tem vocação para ser uma das molas propulsora do nosso desenvolvimento.
O Brasil já perdeu muito tempo. Dessa vez a nossa natureza gigante será fundamental para que não fiquemos deitados em berço esplêndido, mas atentos e ativos, utilizando a natureza para transformar a industrial no mundo e esta, contribuindo para que a natureza não seja transformada em cinzas.