O preço da arroba do boi acumula queda de 27% nos últimos dois anos em Mato Grosso do Sul, com o valor caindo de R$ 295, em setembro de 2021, para R$ 214 neste mês. Para reverter a redução nos preços e evitar um cenário ainda pior para o produtor, o Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho quer iniciar uma campanha para segurar o gado no pastor e forçar aumento no valor pago ao produtor rural.
O movimento conta com respaldo da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e acontece antes mesmo do consumidor final ver o preço da carne bovina cair no açougue. O produto ainda segue em alta na gôndola.
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“A pecuária está perdendo força no Estado, e, por isso, abrimos essa conversa. Essa crise abriu o sentimento do produtor sobre a possibilidade de se organizar em cooperativas”, afirmou o presidente do Sindicato Rural, Alessandro Coelho.
“Na prática, a ideia é reduzir a oferta de animais disponíveis para que os preços subam com a pressão do mercado. Hoje, a maior justificativa para os preços baixos pagos aos produtores é a grande oferta de bovinos”, informou a entidade, por meio da assessoria.
O objetivo é reverter um cenário de queda no preço da arroba do boi gordo. De acordo com o sistema da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), o preço da arroba teve queda de 19% em relação a setembro do ano passado, quando estava R$ 268. Atualmente, o frigorífico paga entre R$ 213 e R$ 214 ao produtor.
Em relação a setembro de 2021, quando a cotação estava em R$ 295, a oscilação é ainda maior, de 27%. O Sindicato Rural de Campo Grande quer iniciar um movimentar para reverter a queda nos preços, que, conforme a entidade, pode ficar abaixo de R$ 200.
No entanto, a queda de 30% ainda não chegou ao supermercado ou açougue. Levantamento do DIEESE mostra que o preço da carne teve redução de 4,13% no último mês. O produto teve redução pelo 2º mês consecutivo, mas a queda ainda não reflete o barateamento do produto no campo.
O dado mais recente do IBGE sobre a pecuária estadual aponta que o rebanho bovino em Mato Grosso do Sul continua encolhendo. Em 2021, o número de cabeças chegou a 18,60 milhões, de um rebanho que já foi de 24,98 milhões de cabeças, em 2003, e de 19,02 milhões, em 2019.
Nesta terça-feira, no café da manhã, Neiva Natália da Silva Gregáti, consultora de negócios, vai falar sobre “Sistema de Venda de gado conjunta e linha de crédito para compra de gado” no Sindicato Rural.