O ex-deputado estadual e ex-comandante da Polícia Militar, José Ivan de Almeida, conhecido como Coronel Ivan, e o arquiteto Patrick Samuel Georges Issa, sobrinho de Fahd Jamil, o Rei da Fronteira, vão a julgamento no próximo mês de novembro pelos crimes de agiotagem e extorsão.
O policial civil Reginaldo Freitas Rodrigues completa o trio de denunciados pelos crimes contra dois empresários de Campo Grande. A juíza Eucelia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal da Capital, após manifestações dos réus, negou a absolvição sumária dos mesmos e marcou para o dia 9 de novembro o início das audiências de instrução e julgamento do caso.
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Os envolvidos que moram na Capital prestarão depoimento de forma presencial, enquanto quem for de outras cidades e os policiais serão ouvidos por videoconferência. José Ivan indicou quatro testemunhas de defesa, Patrick Samuel, oito, e Reginaldo Freitas, quatro, além das arroladas pelo Ministério Público Estadual, algumas comuns aos dos acusados.
O julgamento começa com os depoimentos de nove testemunhas, referentes as de acusação e comuns a José Ivan de Almeida e as de defesa de Reginaldo Freitas Rodrigues.
Coronel Ivan e Reginaldo Freitas foram presos em flagrante em 26 de maio de 2021, em ação do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Assalto a Banco, Sequestros e Roubo).
Ambos estariam armados e ameaçando o dono de uma construtora a pagar para Patrick. Como o empresário alegou que não tinha o dinheiro, eles passaram a fazer ameaças, como pendurar toda a família, e exigir a entrega da caminhonete como sinal de que quitaria o débito.
O MPE relatou que o empresário emprestou R$ 80 mil do sobrinho de Fahd Jamil. Ele e o sócio teriam repassado mais de R$ 150 mil. Não contente com o valor repassado, ele contratou o ex-comandante da PM para exigir a assinatura de promissória assumindo dívida de R$ 450 mil, a entrega de um terreno no residencial de luxo Alphaville e parte na empresa. “Defunto também paga conta”, teria dito o ex-comandante da PM.
Durante depoimento no Garras, Almeida optou por ficar em silêncio. O advogado Ronaldo Franco negou que o militar tenha praticado extorsão.
Em depoimento ao Garras, o arquiteto contou que ainda tinha R$ 360 mil para receber dos empresários. Ele disse que pediu ajuda do Coronel Ivan porque ele teria alegado conhecer o pai de um dos devedores. Sobre a cobrança, Patrick Issa disse que foi um “ato de desespero”.
José Ivan é réu pelos crimes de usura, denominação de agiotagem (cobrar juros superiores ao limite legal, com agravante de ser cometida por militar), extorsão (constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica) e posse de arma de fogo de uso permitido.
Patrick Issa também foi por agiotagem, extorsão e posse irregular de arma. Reginaldo Freitas Rodrigues virou réu por agiotagem e extorsão.