Albertino Ribeiro
O IPCA – 15, que é uma prévia da inflação, veio além do esperado pelo mercado e ficou em 0,28%, contra 0,17%, que havia sido projetado. Se olharmos apenas superficialmente este resultado, é normal pensarmos que o Banco Central não dará continuidade ao corte na Selic, que na última reunião do Copom caiu de 13,75% para 13,25%, um corte de meio ponto percentual.
Contudo, é necessário pegarmos a lupa do bom senso e olharmos os números por dentro; afinal a aparência das coisas, inclusive dos números, pode nos enganar, levando-nos a decisões erradas. Muitos colunistas, ávidos por notícias ruins, já veem, neste resultado, o apito de cachorro para que o senhor Roberto Campos Neto pare de promover cortes na taxa Selic.
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Entretanto, fatores pontuais são os responsáveis pela alta do índice. Entre eles está o aumento da conta de energia em várias regiões do Brasil, devido ao fim do bônus Itaipu, que é decorrente do saldo positivo na conta de comercialização da energia elétrica da binacional. Devido a este fato, a energia residencial subiu 4,59%, com um peso de 0,18 pontos percentuais no índice.
Ademais, houve também aumento no valor dos combustíveis (0,46%) e chegou ao fim o programa de desconto, do governo federal, para a compra do carro zero, o que provocou um aumento de 2,94% no seu valor. Contudo, essas variáveis, provavelmente, não irão mais produzir efeitos em medições posteriores.
Destarte, nesse momento aqui na terra de “Santa Cruz”, não é preciso temer o vampiro que suga nossa renda diariamente, pois o ambiente econômico está favorável e promete dias com muito sol.
Cenários assim, agem como antídoto para conter a sangria de dólares, que é um dos mais importantes fatores de recrudescimento da inflação; nossos irmãos argentinos sabem muito bem o que é isso. Com o dólar nas alturas, valendo 350 pesos, nossos hermanos enfrentam uma inflação de 115% ao ano, coitados.
Por seu turno, aqui no Brasil, a moeda americana, que estava custando R$ 4,98, hoje encontra-se em R$ 4,87. Sendo assim, não existe no horizonte nada que justifique o menor desespero e uma retomada no aumento das taxas de juros.