Albertino Ribeiro
Na última terça-feira, um apagão parou quase todo o Brasil e assustou a todos. Segundo a Eletrobrás, o problema ocorreu porque houve um desligamento não programado de uma linha de transmissão, que fica no Ceará. O referido desligamento teve como causa uma falha no funcionamento do sistema de proteção.
Políticos e especialistas se manifestaram, atribuindo o “blackout” à privatização da estatal. Esta afirmação, em tese, pode até ser precipitada, pois uma empresa privada não é, em princípio, ineficiente para assumir uma estatal. Contudo, uma gestão voltada simplesmente para lucro pode comprometer a saúde da empresa e a homeostase do sistema elétrico nacional.
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Os sinais são bem claros
A falência das lojas Americanas revelou que os administradores da empresa, chamados de 3G (três gênios), tem uma forma peculiar de gerir seus negócios. Como foi amplamente divulgado na mídia, os famosos diretores têm como livro de cabeceira, o famoso “Dobre os seus Lucros”, que menciona como doutrina para melhorar o balanço, atrasar o pagamento aos fornecedores. Que coisa feia, 3G!
A prática dos atuais gestores da Eletrobrás não combina com a administração de uma estatal estratégica para a sociedade. Numa organização com uma responsabilidade tão grande, o lucro irresponsável não pode vir em primeiro lugar jamais.
Raciocinem comigo, diretores que pensam apenas no lucro e que são capazes de atrasar pagamentos a importantes fornecedores, estariam preocupados com uma boa gestão de pessoas, motivando seus trabalhadores? Segundo artigo publicado no jornal 247, desde que foi privatizada, a Eletrobrás “reduziu investimentos em manutenção e ampliou dividendos a acionistas”.
Eu mesmo chequei com uma fonte dentro da Eletrobrás, que me confirmou a matéria do referido portal de notícias. Agora, junte-se a isso, a redução dos salários e as demissões que estão acontecendo a toque de caixa na empresa. Trata-se de uma combinação que certamente provocará um curto circuito no sistema elétrico brasileiro.
Sendo assim, a exemplo de países como Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos, que reestatizaram boa parte do setor elétrico, o Brasil – em um futuro bem próximo -, deverá fazer a mesma coisa. Só espero que não seja tarde demais.