Os deputados bolsonaristas não acreditam nas acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de que teria vendido joias e o relógio de luxo para ficar com o dinheiro e contratou um hacker para invadir o sistema da Justiça eleitoral. Para manter o discurso contra a corrupção, eles acreditam que o capitão é alvo de “perseguição” e da propagação de “mentiras”.
A defesa dos defensores de Bolsonaro foi revelada neste sábado pelo jornal Correio do Estado, que repercutiu os últimos acontecimentos. O mais significativo foi a revelação feita pelo advogado Cezar Bittencourt, um dos mais renomados do País, de que o tenente-coronel Mauro Cid, preso desde maio deste ano, vai confessar que vendeu as joias a pedido do ex-presidente.
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Conforme o relato feito à revista Veja e vários jornais, como a Folha de S.Paulo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro vai confessar que comercializou as joias e o relógio nos Estados Unidos por determinação do ex-presidente. No entanto, o advogado chegou a recuar e voltou a admitir a história.
“Não tem fato, é matéria falsa, isso aí é para vender revista. Não tem nem atribuição de fato da tentativa de venda de bem. Pelo amor de Deus”, reagiu o advogado, presidente do Movimento Pro-armas e deputado federal mais votado do Estado, Marcos Pollon.
“Eles gostam de inventar crimes para prender opositores. Não pararão enquanto não efetuarem a prisão do presidente Bolsonaro. Este é apenas mais um propagador de uma dessas narrativas”, disse o parlamentar.
Outro que saiu em defesa de Bolsonaro foi o deputado estadual Carlos Alberto David dos Santos, o Coronel David (PL). Ele destacou que não há crime na questão das joias e do relógio, porque não há legislação que proíba. “Sempre fui legalista. Qual a legislação que está sendo usada no caso das joias? Ou só estão usando deliberação do TCU [Tribunal de Contas da União], que já recebeu críticas acentuadas do mundo jurídico?”, disse o deputado.
Famoso por andar com o boneco gigante de Bolsonaro pelas ruas, o deputado estadual João Henrique Catan (PL) afirmou que o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), usa relógios caríssimos e o ex-presidente é um homem simples. Ele lembrou que o petista chegou a postar uma foto nas redes sociais um relógio de US$ 100 mil.
“Quem deu isso para ele? O Bolsonaro usa relógio de plástico, nem combina isso com ele, e não vejo problema ele não querer ficar com o relógio ou vender para pagar a conta do ativismo judicial que recai sobre ele”, afirmou João Henrique, sobre a venda do Rolex de US$ 60 mil e recuperado pelo advogado Frederic Wassef para devolver ao TCU.
João Henrique não citou a arrecadação de R$ 17,2 milhões de Bolsonaro com o PIX, doado por 769 mil bolsonaristas, para ajuda-lo a pagar as multas impostas pela Justiça Eleitoral.
Ele também colocou sob suspeita a notícia de que Mauro Cid iria confessar que Bolsonaro mandou vender as joias e o relógio de luxo. “Militar não delata, militar não entrega, muito menos entrega uma versão forjada e no desespero. Foi esse próprio advogado que chamou patriotas que se manifestavam nas ruas de asseclas do Bolsonaro, em claro gesto de apoio aos Poderes que receberam críticas da população”, afirmou o neto do ex-governador Marcelo Miranda.
O deputado Neno Razuk (PL) também atribuiu as denúncias à perseguição contra Bolsonaro. “Acredito que todas essas denúncias são para enfraquecer e tirar a chance de uma possível volta do presidente, pois o governo atual não mostra competência para se manter”, disse o filho da ex-prefeita de Dourados, Délia Razuk.
“Existe uma perseguição contra Jair Bolsonaro e contra toda a direita no Brasil. Soltaram um bandido (Lula) para ser presidente e querem colocar o honesto (Bolsonaro) na prisão. Essa é a democracia relativa do PT”, afirmou o deputado estadual Rafael Tavares (PRTB), representante da extrema direita no legislativo estadual.
Além de descartar a suspeita de corrupção e peculato por Bolsonaro, Tavares enfatizou que a legislação permite os presentes. “De acordo com a Portaria nº 124, de novembro de 2021, joias ou semijoias são presentes pessoais”, disse.