Ou não existe mais corrupção com recursos federais em Mato Grosso do Sul ou a PF (Polícia Federal) desistiu dos criminosos de colarinho branco. Neste 2023, a análise das operações, mostra a elite da polícia se dedicando ao combate do tráfico de drogas, armas, crimes contra o meio ambiente, muamba, mas nada de desvio de dinheiro público.
Nas mais recentes ações, a PF reviveu até batida no Camelódromo de Campo Grande, situação que era comum nos idos dos anos 2000, como em 12 de dezembro de 2006, quando mobilizou 40 policiais para aprender eletrônicos. De volta a 2023, a operação Bigorna, deflagrada em 8 de agosto, não divulgou o efetivo empenhado, mas o balanço da muamba, que incluiu 634 itens.
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A lista tem 100 pacotes de cigarros de origem estrangeira, 84 garrafas térmicas, 39 aparelhos de rádio receptores, 40 smart TV, 30 fones de ouvidos e seis alexas (assistente pessoal virtual).
Já na última sexta-feira (dia 11), foi a vez da Operação Delivery 2, para repressão ao tráfico por meio dos Correios. “Estas operações, além da relevância em responsabilizar os autores por postarem drogas nos Correios, demonstram a sociedade que os Correios e a PF estão atentos a esta modalidade criminosa, não permitindo que os Correios se tornem uma zona livre para o crime”, justifica. Mas, o material de divulgação não menciona a quantidade apreendida.
Nesta primeira etapa de 2023, a operação com mais holofotes foi a Magnus Dominus, que mirou um grupo de mercenários e Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, candidato a novo “rei da fronteira” no território entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero (Paraguai), cobiçado pelas facções criminosas pela posição geográfica que favorece à logística do tráfico de drogas. Principal alvo, Motinha fugiu de helicóptero. Ele também é conhecido por Dom, numa alusão a Don Corleone, de “O Poderoso Chefão”.
Neste ritmo, segue no passado a força-tarefa contra a corrupção, que foi capaz de abastecer sete fases da operação Lama Asfáltica. A ação investigou desvio de dinheiros em contratos de pavimentação, compra de livros didáticos, serviços de informáticas. As contratações foram na gestão do ex-governador André Puccinelli (MDB), que chegou a ser preso.
Em 2018, a PF foi em busca de provas na operação Vostok, que mirou repasse de propina, via JBS, ao então governador Reinaldo Azambuja. O passeio mais recente das viaturas pelo Parque dos Poderes foi na segunda fase da Mineração de Ouro, que investiga conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado). A operação foi em 8 de dezembro de 2022.
Ao assumir a superintendência da Polícia Federal, em 23 de março deste ano, o delegado Agnaldo Mendonça Alves prometeu atuação plural, dentro das várias atribuições da PF, que vai de combater organização criminosa a emissão de passaportes.
“A Polícia Federal está sempre à disposição da sociedade de Mato Grosso do Sul, nós temos várias ideias para incrementar principalmente atividades da polícia judiciária. Precisamos reforçar nossas investigações sem descuidar da nossa polícia administrativa. Prestamos diversos serviços para a sociedade de Mato Grosso do Sul, entre eles emissão de passaportes, controle de segurança privada. Vamos continuar atendendo esse público com muito carinho, muito profissionalismo”, afirmou.
No fim de 2017, ao se despedir de Mato Grosso do Sul e da Lama Asfáltica, o então superintendente Ricardo Cubas César destacou a dificuldade de se investigar a corrupção e a importância de se evitar que o dinheiro público seja drenado por corruptos.
“O problema é que a legislação no Brasil é vergonhosa. Ela não foi feita para prender pessoas poderosas. Quando prende o traficante, o ladrão de galinhas ninguém contesta. O poderoso dá mais prejuízo até do que um assassino. Porque o assassino mata uma pessoa só, a pessoa que desvia dinheiro público mata 100, 200, 500, mil. O dinheiro que ele roubou era para estar na saúde, nas estradas”, declarou à imprensa.