O IPCA, o índice oficial de inflação, cresceu 0,12% em julho, quebrando uma tendência de deflação em relação aos dois últimos meses. A princípio, pode parecer que um recrudescimento da inflação está a caminho, mas não é isso.
Se olharmos com atenção por dentro dos números, veremos que a inflação, além de estar sob controle, está perdendo forças.
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Para termos uma ideia, a gasolina foi o item que mais impactou no IPCA (4,75%). Contudo, a quantidade de itens que tiveram queda de preços aumentaram em relação ao último mês calculado; passou de 235 para 175. Por seu turno, a quantidade dos produtos em queda aumentou de 120 para 178.
Além desses importantes dados micro econômicos, o contexto macro só reforça a certeza que a inflação não é uma ameaça, pelo menos, até os próximos meses do ano.
Uma das variáveis macroeconômicas que contribui para a estabilização dos preços, sem dúvida, é a taxa de juros, que ainda está muito alta. Esta, por si só, impede um aumento da demanda por bens e serviços.
Além disso, a Selic nas alturas contribuiu para atrair capital especulativo que, em busca de rentabilidade, entram no país aumentando a oferta de dólares, fazendo com que a moeda do tio Sam desvalorize, levando “ladeira abaixo” muitos insumos importados que, afetam a inflação, como trigo e petróleo, por exemplo.
Vejam que o contexto econômico é plenamente favorável ao arrefecimento da inflação.
E Mato Grosso do Sul?
O IPCA de Campo Grande, também calculado pelo IBGE, teve a segunda maior queda entre as capitais; ficou em -0,12%. Por aqui, em nossa cidade morena, o maior motor da inflação também foram os combustíveis, porém o impacto foi bem menor do que os 4,75% do índice nacional. O segmento transportes, por exemplo, teve um impacto de 0,43%.
A percepção de queda da inflação nem sempre é fácil de identificarmos, pois, na verdade, cada pessoa sofre sua própria inflação. Dessa forma, não compreende o abismo entre o índice oficial do seu bolso.
É necessário entender que a inflação é uma média ponderada de uma cesta de centenas de bens e serviços. Destarte, o índice proveniente dessa média, não tem obrigação de ser exatamente o que pensamos.
Para o leitor entender um pouco mais, dentre os produtos que mais aumentaram, no IPCA de Campo Grande, foi a batata ( 33,77%). Se tivéssemos uma dieta que fosse a base de batatas – como acorreu no século 19 na Europa -, certamente nossa inflação , no mês de julho, ficaria, grosso modo, bem perto dos 30%, mas, graças a Deus, não é assim.
