Bombardeado pela militância e pela cúpula petista pelo apoio ao ex-presidente Michel Temer (MDB), acusado até por Lula de ser golpista e ter atuado pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), o deputado estadual Zeca do PT retirou, de forma “definitiva e irredutível”, a pré-candidatura a prefeito de Campo Grande. Ele iria disputar a prefeitura pela 3ª vez.
Esta é a segunda vez que o ex-governador deixa o PT na mão. Em abril do ano passado, principal nome do partido para disputar o Governo do Estado, Zeca desistiu de disputar o Governo em abril. A missão acabou sobrando para a advogada Giselle Marques (PT), estreante em disputas.
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Com do cacique petista, o PT vai delegar a missão de disputar a prefeitura a uma mulher. As pré-candidatas são a advogada Giselle Marques, que ficou em 5º lugar na disputa do Governo em 2022, e da deputada federal Camila Jara.
A vida política de Zeca do PT tem sido marcada por polêmica. Ele chegou a anunciar que nunca mais seria candidato a nada. No entanto, com a volta de Lula e o fortalecimento do partido, ele mudou de ideia e planejou disputar o Governo. No entanto, inelegível, ele decidiu abrir mão da candidatura a governador e acabou eleito deputado estadual pela 3ª vez.
Na Assembleia Legislativa, ele decidiu comprar briga com o partido e encampar a homenagem a Temer por construir a ponte sobre o Rio Paraguai, em Porto Murtinho, e viabilizando a Rota Bioceânica. O presidente estadual do PT, Vladimir Ferreira, reagiu imediatamente: quem homenageia golpista, faz homenagem ao golpe.
Zeca não gostou das críticas. “Em determinado momento achei que deveria me dedicar, mesmo com a idade que estou, e colocar meu nome a disposição do PT como pré-candidato a prefeito”, disse, destacando estar com 73 anos de idade.
“Nunca quis ser consenso nem unidade de nada, não tem isso na política nem na vida, Jesus não foi consenso e morreu crucificado, mas eu não imaginei que a cruz que eu tivesse que carregar dentro do PT como pré-candidato fosse de tanta injúria, de tanta mentira, de tanta agressão”, acusou.
“Ontem fui vítima mais uma vez de gente que não tem o que fazer, confundindo alhos com bugalhos, alho serve para a gente se alimentar, bugalho é um parasita que nasce em árvore e serve para combater vermes, fui vítima de quem está confundindo homenagem a um ex-presidente que ousou assinar e viabilizar a ponte de saída para o Pacífico, com a história do afastamento da Dilma”, relatou, em comunicado durante a sessão de hoje.
Zeca do PT disse que a decisão de não ser candidato é “irredutível”. Ele disputou a prefeitura da Capital em 1992 e em 1996. Na última vez, perdeu por apenas 411 votos para André Puccinelli (MDB). Ao relembrar a história, ele disse que “ganhamos, mas não levamos”.
A desistência de Zeca animou Giselle. “O Zeca é uma das nossas grandes lideranças no estado, com uma história admirável como ex-governador, mas acredito ter ele percebido que a militância do PT quer renovação”, afirmou a advogada.
O PT deve definir a candidata até outubro deste ano.