Albertino Ribeiro
A reforma trabalhista vai completar seis anos e não conseguiu entregar os empregos prometidos. Para muitos, seria líquido e certo reduzir os encargos trabalhistas e os empregos surgiriam em grande profusão. Entretanto, o milagre não aconteceu e muitos se perguntam o porquê.
É tudo uma questão de fazer uma análise mais profunda. Realmente, parece verossímil, como uma simples equação, você diminuir os encargos do trabalho e as empresas passarem a contratar; afinal de contas, segundo o pensamento clássico da Lei de Say – “a oferta cria a sua própria demanda, não é isso? Não. Não é…
Veja mais:
Economia Fora Da Caixa – Revolução verde: A nova chance do Brasil
Economia Fora Da Caixa – Brasil está salvo do drama de Londres
Economia Fora Da Caixa – O gênio de 9 dedos contra os estúpidos de dois neurônios
Se a macroeconomia não estiver bem, não adianta atacar questões microeconômicas, pois, em economia, o todo não foi e nunca será a soma das partes. As empresas são levadas a contratar, não porque o trabalho ficou mais barato, mas porque o cenário econômico está favorável, havendo, dessa forma, demanda para os produtos que serão colocados nas prateleiras.
A menor taxa de desemprego do Brasil ocorreu no ano de 2012, que ficou em 5,5%, uma taxa próxima aquela que os economistas consideram como de pleno emprego (5%). Naquele período, mesmo com os encargos trabalhistas, as empresas estavam contratando “a todo vapor”, porque havia um clima positivo e propício ao investimento na economia brasileira.
No último trimestre de 2017, quando foi criada a reforma, a taxa de desemprego estava em 11,8%; quase quatro anos depois, no semestre terminado em julho de 2021, o desemprego alcançou o nível de 13,7%, ou seja, a reforma não teve força suficiente para alterar o cenário econômico ruim.
Segundo o professor de economia da Unicamp, José Dari Krein, “a reforma agiu no sentido contrário ao que prometia, aprofundando ainda mais a crise econômica no Brasil”. Segundo o economista, 87% da dinâmica econômica no país é dada pelo mercado consumidor interno.
Destarte, o mercado consumidor foi afetado pelo achatamento da renda dos trabalhadores, o que provocou uma queda na demanda. Dessa forma, vendo os empresários que as vendas não melhoravam, retraíram seus investimentos, frustrando aqueles que esperavam a criação de mais vagas no mercado de trabalho.
Hoje, a taxa de desemprego encontra-se em 8,8%. A economia começa a dar sinais de aquecimento e as expectativas são positivas, inclusive, em razão da redução da taxa de juros. Em um contexto assim, os empresários sentem-se mais seguros e otimistas para realizarem investimentos em todas os setores econômicos.