Em um cochilo dos deputados estaduais de direita, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul aprovou, na última quarta-feira (2), moção de repúdio contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), de São Paulo. O legislativo repudiou, por unanimidade, o filho de Jair Bolsonaro (PL) por ter comparado professores a traficante de drogas.
A polêmica moção, proposta por Pedro Kemp (PT), foi aprovada em votação simbólica, sem qualquer contestação dos deputados presentes, como os bolsonaristas Rafael Tavares (PRTB) e João Henrique Catan (PL), presentes no plenário.
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“Na verdade, os deputados bolsonaristas cochilaram. Na sessão anterior, eles pediram destaque para votação nominal, que seria mais difícil de ser aprovada. Como não havia mais quórum, a votação da matéria foi transferida para a próxima sessão”, explicou Kemp.
“Ontem (quarta-feira) portanto, ela entrou na pauta, mas os deputados não se atentaram para pedir destaque e ela acabou sendo aprovada em votação simbólica junto com as indicações e demais moções”, explicou.
“A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, legítima representante dos ideais e aspirações do povo sul-mato-grossense, por proposição do Deputado Estadual Pedro Kemp, aprova Moção de Repúdio ao discurso de ódio proferido pelo Senhor Eduardo Bolsonaro, Deputado Federal (PL/SP), em razão de ter comparado professores a traficantes, fato ocorrido em evento do movimento pró-armas, no dia 9 de julho de 2023, em Brasília”, diz o texto encaminhado ao herdeiro de Bolsonaro.
Durante evento do Pro-armas, em Brasília, ele comparou os professores aos traficantes. “Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando opressão em todo o tipo de relação”, bradou Eduardo Bolsonaro.
“Desta forma este parlamentar, em apoio à Federação do Trabalhadores em Educação de Mato Grosso Sul (FETEMS) e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que representam os profissionais do setor, manifesta solidariedade a todos os Educadores que são perseguidos e atacados por representantes da extrema-direita”, afirmou Kemp.
“Não pode ser admitido a continuidade do discurso de ódio contra os professores e o processo do conhecimento, que consiste em uma estratégia para desqualificar o trabalho do educador e a importância da escola como espaço social que possibilita a convivência plural das ideias, a leitura científica dos fatos e a diversidade das relações sociais”, pontuou, na moção.
“O discurso irascível do deputado representa uma ameaça e um desprezo aos professores que são os verdadeiros agentes de construção de conhecimento, de estímulo à empatia, à convivência social, respeito à diversidade, com vistas à constituição de uma sociedade justa, crítica e menos desigual”, frisou Kemp.
A moção foi proposta no dia 12 de julho deste ano. Tavares afirmou que na ocasião contestou a proposta de Kemp e até defendeu uma moção de congratulação pela manifestação. “Ele falou a verdade, não podemos permitir que nossos filhos sejam doutrinados por professores em sala de aula”, afirmou o deputado bolsonarista.
João Henrique também foi contra a moção proposta por Kemp. Ele disse que há diferença entre transmitir o conhecimento e doutrinar. O parlamentar lembrou ainda que Bolsonaro autorizou reajuste de 33% no piso nacional dos professores, o maior até o momento. O deputado ainda falou que o valor pago pelos Estados Unidos aos professores é maior que o do Brasil.