Perícia na Praça Oswaldo Arantes, mais conhecida como Praça das Águas, em frente ao Shopping Campo Grande e ladeada por edifícios de alto padrão, terminou em “puxão de orelha” coletivo, que inclui a Construtora Plaenge, a prefeitura e a Associação A Boa Praça.
“Trata-se de um ‘cartão postal da Capital’ essa região requer maiores cuidados socioambientais e que em função das obras realizadas e impactos causados na vizinhança do prédio Square Residence, recomenda se que haja compensação ambiental complementar da PLAENGE na reforma da praça (revitalização) e sua manutenção por um período de médio prazo que o Sr Juiz pode definir, caso assim julgar procedente”.
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“Recomenda-se, por fim, que a ASSOCIAÇÃO DA BOA PRAÇA promova ações socioambientais e que juntamente com a Prefeitura instalem câmeras de monitoramento, bancos de concreto, coletores de resíduos e placas de apelos ambientalista para os visitantes, estimulando a vida saudável de caminhadas na Praça, notadamente por escolares, moradores da vizinhança e turistas”.
As recomendações estão no laudo técnico do Instituto Evoll Perícias. Mais um a constatar a sina de abandono da praça, mesmo estando em ponto nobre da cidade. Inaugurada em 22 de novembro de 2007, a Praça das Águas teve promessas, perdidas no tempo, como a construção de mirante, auditório, estande temático e trilha até a cachoeira formada pelo Córrego Prosa.
A vistoria pericial realizada no dia 5 de abril deste ano encontrou ipês roxos pedindo socorro (doentes, necessitam de poda radical), ponte de madeira precisando de interdição, vandalismo e alta infestação de formigas saúvas (que causam danos significativos às mudas)
Plaenge, prefeitura e a associação se encontram em processo que desde 2017 tramita na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande. Na ocasião, a associação acionou a Justiça contra a empresa e o poder público cobrando medidas porque o meio ambiente era “violentamente degradado pelo município de Campo Grande, num odioso consórcio com a empresa Plaenge”.
A Associação A Boa Praça questionava a invasão por parte da empresa de 90 metros quadrados de área da praça, chamado de espaço livre de utilidade pública, se havia projeto para prolongamento da Rua Mar Adriático como opção de melhoria do tráfego e se houve danos ambientais com a construção do Edifício Square Residence, localizado na Avenida Ricardo Brandão.
A perícia não localizou invasão de área e constatou que foi reservado distância de 30 metros do córrego (como exigido à época). Sobre o prolongamento da Rua Mar Adriático, a vistoria não localizou nenhum projeto com a prefeitura. Havia somente uma ligação não oficial no ano de 2018 que conectava a rua com a Avenida Ricardo Brandão. Por lá passavam pedestres, motociclistas e ciclistas.
A análise é de que o prolongamento seria benéfico para a região, favorecendo os moradores do entorno da praça e usuários advindos da Avenida Afonso Pena. Mas que essa obra deveria ter sido realizada até 2015, antes da aprovação da construção do edifício.
Milhão
No dia 25 de junho de 2020, há três anos, a Prefeitura de Campo Grande publicou contrato de R$ 1.201.946,62 com a empresa Conservil Construções e Serviços. A contração foi para a execução de reforma de trechos do canal do córrego Prosa e execução do Prad (Plano de Recuperação de Área Degradada) da Praça das Águas.
Conforme divulgado pela imprensa, a intervenção exigia o plantio de 1.100 mudas de árvores, combate ás formigas e cerca para separar a mata ciliar. No Portal de Obras, consta que o serviço já foi 100% executado, com custo final de R$ 1.335.109,26.