Helio Tinoco é jornalista e se considera um entusiasta do SUS (Sistema Único de Saúde), mesmo diante de situações desafiadoras. ““Em 2021, na ocasião da pandemia, minha família pegou covid-19, inclusive a minha mãe, que estava com 82 anos. Ela tinha plano de saúde, porém um plano modesto, que a recebeu, mas em dado momento já não queriam mais continuar com ela, devido ao custo elevado e o risco deles não receberem o que estavam gastando com a paciente”.
Ao tomar conhecimento do agravamento do quadro clínico da mãe, deu-se início a uma corrida familiar pelo registro no SUS. A expectativa era em garantir o suporte necessário para o combate à doença, sem deixar de brigar pelos direitos da matriarca.
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Ela não tinha a carteirinha do SUS e eu consegui fazer de maneira “expressa” para uma transferência a outra unidade hospitalar. Com a carteirinha em mãos, saímos à procura de vaga para transferência. Conseguimos num hospital público, mas paralelo a isso, estávamos na Justiça pelo atendimento dela”.
Quando o SUS é a alternativa para as limitações da rede privada
O jornalista lembra que a mobilização pela via judicial teve resultado positivo, mas os questionamentos sobre o custeio do tratamento, que voltaria a ser oferecido pela rede privada, assombrava a família. “A justiça determinou que minha mãe fosse transferida para outra unidade do mesmo hospital com maiores recursos para o tratamento. O custo diário da minha mãe era de R$ 15 mil, um valor absurdo”.
Mesmo com o cuidado reforçado, três filhos precisaram dar adeus à mãe e, não bastasse a perda, ficaram preocupados em como pagar a conta deixada no hospital. “Passado todo o drama da perda, que foi o momento mais difícil, veio a preocupação em como pagar. Já tínhamos decidido não pagar e dar um calote assumindo as consequências. Para nossa surpresa, contudo, todo o tratamento foi custeado pelo SUS, que naquele momento, por não ter como atender exclusivamente nas redes públicas, financiava hospitais para atender a demanda existente”.
Por conta das voltas dadas na vida, Helio deixou o Rio e, com o marido, escolheu a capital sul-mato-grossense como morada. Foi quando a própria saúde começou a falhar e a busca por atendimento, agora, era para ele mesmo.
“Eu não tenho plano de saúde e precisei entrar para o SUS porque apresentei problemas de saúde. No meu caso, só tinha a rede pública para ser atendido”. Em Campo Grande, o jornalista confessa que havia receio sobre a eficiência do sistema também para o atendimento básico.
“Meio sem acreditar, fiz minha carteirinha e, por surpresa, fui atendido. Tudo obedecendo os devidos protocolos. Consegui fazer uma bateria de exames de sangue, urina e fezes, e cheguei a consulta com um clínico, que me acompanhou. Todo esse processo, falando assim, parece que foi rápido. É claro que levou um tempo. Eu sabia que precisava e aceitava que outros também, então reconheci que o tempo era importante para eu atravessar”.
Em mais uma reviravolta da vida, Helio e o marido avançaram em direção ao Pantanal e chegaram a Aquidauana, onde moram atualmente. Ele recorda que abandonou o tratamento, mas exalta todas as possibilidades que o plano público ofereceu.
“Segui meu tratamento, mas por iniciativa minha, acabei abandonando. O que me chamou a atenção foi que tudo me foi possível. Talvez, se não existisse o SUS, seria mais difícil ter conseguido naquele momento um atendimento por um custo zero. Outro momento meu pelo SUS, foi conseguir colocar minha carteira de vacinação atualizada, sem deixar de tomar uma vacina se quer”.