O senador Nelsinho Trad (PSD) é o campeão em emendas entre os parlamentares de Mato Grosso do Sul que foram contemplados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. Apesar de considerar que o atual governo “ainda está na primeira marcha”, o ex-prefeito de Campo Grande teve pagos R$ 21,5 milhões em indicações e têm garantidos mais R$ 47,6 milhões em empenhos.
Desde que Lula reassumiu o comando do Planalto, Nelsinho tem adotado postura de oposição, a despeito de o PSD estar na base do governo. No início deste ano, ele se notabilizou por ter traído o próprio partido na disputa pela presidência do Senado, quando apoiou o bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN), em detrimento ao correligionário Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
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Sempre buscando agradar o eleitorado vinculado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), maioria em MS, Nelsinho acabou por receber um convite do presidente nacional do PL, o deputado federal Valdemar Costa Neto, para mudar de partido.
Em entrevista, há pouco mais de uma semana, o senador sul-mato-grossense afirmou que vem acumulando decepções com Lula. “É um governo que ainda não ganhou velocidade de resolução que venha a atender as necessidades dos estados e das prefeituras. Ainda está na primeira marcha. Essa questão de aumentar os ministérios não soou bem. Isso é um retrocesso”, declarou.
Esta postura, porém, não impactou no recebimento de emendas pelo presidente regional do PSD, que lidera em emendas recebidas, ganhando mais que aliados e parlamentares petistas. Nos pagamentos feitos até o momento, foram R$ 21,5 milhões, de acordo com o portal Siga Brasil, dados atualizados em 21 de julho.
“É o resultado de bons projetos encaminhados e constante trabalho nos ministérios”, justifica o senador Nelsinho Trad.
Seu irmão, o ex-deputado federal e atual controlador-auditor da Embratur, Fábio Trad (PSD) vem em seguida, com R$ 17,9 milhões pagos. O deputado Dagoberto Nogueira (PSDB), com R$ 13,5 milhões, a senadora Soraya Thronicke (Podemos), R$ 12,8 milhões, e Beto Pereira (PSDB), R$ 11,5 milhões, fecham o top cinco.
As emendas são referentes a indicações em anos anteriores e geralmente são destravadas por Lula antes de votações importantes, como a medida provisória que reestruturou os ministérios, que contou com voto de Nelsinho, e a PEC da reforma tributária, que está em análise no Senado.
Conforme o portal Siga Brasil, Nelsinho ainda tem empenhados R$ 47,6 milhões em emendas individuais; seguido por Soraya Thronicke, com R$ 38,4 milhões; a ex-senadora e ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), R$ 34,1 milhões; Fábio Trad, R$ 30,3 milhões. O deputado federal Beto Pereira volta a fechar o top cinco, com R$ 25,7 milhões.
Na sequência, vem Dagoberto, com R$ 25,2 milhões; a ex-deputada e presidente da Sudeco, Rose Modesto (União), R$ 23,1 milhões; Dr. Luiz Ovando (PP), R$ 22,1 milhões; a senadora Tereza Cristina (PP), R$ 21,6 milhões, o ex-deputado Loester Trutis (PL), R$ 19,9 milhões; e Vander Loubet (PT), com R$ 19,2 milhões.
Ao todo, Mato Grosso do Sul tem como destino autorizado R$ 788,3 milhões em emendas, destes R$ 400,6 milhões estão empenhados, sendo que R$ 215,3 milhões foram pagos. Do total empenhado, R$ 307,1 milhões são em emendas individuais, R$ 78,5 milhões indicados pela bancada e R$ 15 milhões pela comissão de infraestrutura do Ministério dos Transportes.
Os deputados novatos Camila Jara (PT), Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon, ambos do PL, ainda não foram contemplados e só devem conseguir a partir de 2024.
Tecnicamente chamada de empenho, a liberação para pagamento significa que o governo federal está reservando e garantindo aquele valor para posterior pagamento. A maior parte desses recursos, porém, ainda precisa ser efetivamente paga.