Mesmo com a proximidade do julgamento, a justiça segue negando os pedidos de liberdade solicitados pelos empresários do grupo acusado de dar golpe de R$ 4,1 bilhões em 1,3 milhão de investidores em 80 países. Preso na Operação La Casa de Papel, o diretor de marketing da Trust Investing, Fabiano Lorite de Lima, 44 anos, teve mais um habeas corpus rejeitado.
O desembargador Fausto de Sanctis, da 11ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, considerou que o acusado tem dupla cidadania (brasileira e espanhola), teve o seu passaporte apreendido por determinação judicial, e já tentou reaver o referido documento “sob justificativas infundadas e alegações inverídicas, com o intuito de sair do país”.
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Segundo a decisão, Fabiano ainda possui múltiplos endereços, e declinou um novo endereço em audiência de custódia que não havia até então sido identificado pelas autoridades. “A defesa não juntou aos autos documento que comprove as alegadas residência fixa e ocupação lícita, a corroborar o vínculo com o distrito da culpa”, relata o magistrado.
O desembargador também rejeitou conceder a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares diversas, porque “não seriam suficientes para impedir a reiteração delitiva, notadamente porque os crimes foram praticados por meios virtuais. Além disso, uma vez em liberdade, o requerido teria condições de acessar computadores e/ou telefones celulares e destruir provas”.
“Para casos como o presente, somente a adoção de medidas excepcionais como a prisão preventiva pode servir a garantir a utilidade final do provimento judicial em caso de provável condenação. Na mesma ordem de ideias, a prisão preventiva apresenta-se como única providência capaz de frear a escalada criminosa”, conclui Fausto de Sanctis, em decisão do dia 18 de julho.
Além de Fabiano Lorite de Lima, o diretor de tecnologia, Cláudio Barbosa, 45, o CEO Diego Ribeiro Chaves, 35, o diretor financeiro, Diorge Roberto de Araújo Chaves, 60, o pastor Ivonélio Abrahão da Silva, 49, e seu filho, Patrick Abrahão Santos Silva, 25, vão ser interrogados nos dias 3 e 4 de agosto deste ano, encerrando a audiência de instrução e julgamento.
Os réus vão ser julgados e podem ser condenados pelos crimes de organização criminosa, operação ilegal de instituição financeira, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e crimes contra o patrimônio da União e do meio ambiente.
Para atrair as vítimas, eles usam Patrick, o number one da organização, que propagava a alta rentabilidade com a aplicação na Trust. O grupo prometia rendimento espetacular de 0,1% a 5% ao dia e 200% a 500% ao ano. Para garantir a manutenção do esquema, eles adotaram uma espécie de pirâmide financeira.