O PSD definiu o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto como presidente do diretório do partido em Campo Grande. A expectativa era que o cargo fosse destinado a Marquinhos Trad, mas, segundo o ex-prefeito da Capital, como existe a possibilidade de disputar uma vaga na Câmara de Vereadores, a legenda decidiu por alguém de fora dessa disputa.
A decisão foi tomada em reunião nesta segunda-feira (17) e anunciada pelo presidente regional do PSD, senador Nelsinho Trad. “Essa escolha foi respaldada por todos os vereadores do PSD que se fizeram presentes e pelo ex-prefeito Marquinhos Trad”, postou nas redes sociais.
Veja mais:
Marquinhos admite que pode ser candidato a vereador da Capital nas eleições de 2024
André, Marquinhos e Rose perdem espaço e lideram o grupo dos que saem menores da eleição
Programa da Globo flagra assédio eleitoral sobre famílias beneficiadas por programas sociais
Após o encontro, Marquinhos disse que o partido decidiu que vai lançar um nome para disputar a Prefeitura de Campo Grande nas eleições do ano que vem. O nome escolhido seria o do próprio Pedrossian Neto, herdeiro do ex-governador Pedro Pedrossian e ex-secretário de Finanças da Capital na gestão de Marcos Trad.
“Nós vamos ter candidato, o próprio que assumiu a municipal. Acredito que [Pedrossian] seja preparado, tecnicamente qualificado, e vem de uma família tradicional, que tem trabalhos prestados tanto na Capital quanto no Estado”, disse Marquinhos a O Jacaré.
O ex-prefeito disse que o PSD “é um partido extremamente democrático” e os membros da legenda entenderam que a presidência municipal não poderia ficar com alguém que pode disputar a vereança em 2024, como é o seu caso.
“Sempre foi assim. No passado, alguns vereadores queriam, mas a gente teve que colocar o [Antonio] Lacerda e depois o [Robison] Gatti, que eram pessoas que não iriam disputar eleição à Câmara”, explicou Marquinhos. “Isso interfere. [O presidente] tem privilégios, sai à frente dos demais. Se não houvesse a minha pretensão e a possibilidade de eu ser [candidato], nada impediria de eu ser o presidente do PSD municipal”.
O PSD conta com a maior bancada na Câmara Municipal, com oito parlamentares, inclusive o líder da prefeita Adriane Lopes (PP), Beto Ovelar é da sigla. Mas vive com a perspectiva de debandada com a abertura da janela partidária entre março e abril do ano eleitoral, o que o ex-prefeito trata como algo natural, já que apenas Junior Coringa é do “PSD raiz”, sendo que os demais vieram de outros partidos.
Inclusive, na reunião de segunda-feira, apenas Coringa, Otávio Trad e Professor Riverton participaram do encontro. Beto Avelar, Delei Pinheiro, Tiago Vargas, Silvio Pitu e Valdir Gomes não compareceram.
A candidatura a vereador pode ser uma tentativa de Marquinhos recomeçar a carreira política após o escândalo de assédio sexual contra 16 mulheres, que lhe desgastou na campanha ao Governo.
Ao longo da campanha, com a ofensiva da Polícia Civil, o ex-prefeito despencou nas pesquisas do primeiro lugar para a 6º colocação com a abertura das urnas, só ficando na frente dos candidatos a governador do PSOL e PCO.
No entanto, Marquinhos defende que esses fatos não tiveram impacto na decisão do partido e ainda afirma que, em Campo Grande, teve mais votos que Eduardo Riedel (PSDB) no primeiro turno. Foram 76.102, contra 72.077. Capitão Contar (PRTB, com 130.972) e André Puccinelli (MDB, com 107.260) foram os mais votados na Capital.
O PSD sinaliza um rompimento com a prefeita Adriane Lopes (PP). Inicialmente, o partido cogitava apoiar a sua reeleição. Marquinhos deu entrevista defendendo um segundo mandato para a antiga parceira.
No entanto, Adriane tem procurado, aos poucos, se distanciar da gestão de Marquinhos. Em mais de uma ocasião, ela enfatizou que era vice e não tinha poder nem gerencia na administração do antecessor.
A prefeita e Pedrossian Neto até trocaram farpas sobre as finanças do município. Ela insinuou que o rombo nas contas foi deixado pelo antecessor. O deputado rebateu a prefeita e garantiu que deixou dinheiro garantido para quitar contas e salários.