*Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank
O Ibovespa vem em alta forte, mantendo a recuperação desde o fim de março, em velocidade rápida desde os 98 mil até a região dos 120 mil pontos, ficando meio de lado, mas apenas nas últimas três semanas.
Essa retomada intensa, sem correção, mostra resiliência. O ambiente macro ainda é de compressão de risco, o que se vê desde o arcabouço fiscal e, depois, com a queda da inflação, e agora, com a reforma tributária aprovada na Câmara, o que aumenta a expectativa do mercado que o Copom inicie o corte de juros.
Veja mais:
Com reforma tributária, Ibovespa opera em alta; dólar cai, na casa dos R$ 4,85
Tema Livre – Como ser um bom líder no dia a dia
Tema Livre – Lugar de fala
Com a agenda local mais esvaziada, os investidores reagiram essa semana ao recuo de 1% das vendas do varejo em maio ante abril.
Os dados divulgados de uma atividade econômica mais fraca abrem espaço para possíveis cortes de juros em agosto, a grande questão é se a redução será de 25 ou 50 pontos-base. Na minha visão, considerando a postura conservadora do Banco Central até o momento, parece mais provável uma redução de 25 pontos-base.
O programa “Desenrola Brasil”, que tem como objetivo a renegociação de dívidas de até R$ 5 mil para pessoas físicas e limpar o nome de 1,5 milhão de brasileiros, pode aliviar o consumidor brasileiro e impulsionar o consumo nesse segundo semestre, aumentando as expectativas de crescimento do PIB para 2% neste ano.
No cenário político, os investidores devem ficar atentos ao início das discussões sobre a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que deverá atingir um ponto de equilíbrio inferior a 25% no longo prazo.
Por esses diversos fatores, as perspectivas para o Ibovespa melhoraram muito nas últimas semanas, depois que o Banco Central indicou na ata de sua última reunião que pode começar a cortar juros em agosto caso se mantenha o cenário de diminuição da inflação.
Dólar
A virada nas expectativas para a política monetária dos Estados Unidos explica o fortalecimento do real ante a moeda norte-americana. Sobretudo, é importante observar que a divulgação do CPI de junho, às 9h30 (de Brasília) da quarta-feira (12) e o fechamento do mercado doméstico na sessão de ontem, o DXY caiu mais de 1 ponto e o rendimento da T-Note de 5 anos, cerca de 16 pontos-base.
Todo o mercado melhorou, o euro e as demais moedas emergentes estão valorizando enquanto o real segue em alta. Essa valorização tem muita influência dessa mudança de perspectiva para a taxa de juros americana.
O bom desempenho do real na sessão também teve impacto na redução das expectativas para a trajetória dos juros nos Estados Unidos com o CPI e o PPI abaixo do esperado. Esse cenário favorece a expectativa de um dólar mais fraco globalmente, e deve manter a moeda americana abaixo de R$ 5,00 até o fim do ano.
A divisa americana sofreu pressão essa semana pela consolidação das expectativas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deve antecipar o fim da escalada de juros no país.
No Brasil, ajuda a sustentar o real no acumulado da semana as novas entradas de investidores estrangeiros que devem direcionar seus canhões para nossa bolsa de valores.