Duas semanas após apresentação de requerimento, os vereadores de Campo Grande esperam resposta da prefeitura antes de analisar a abertura de uma CPI para investigar as suspeitas de corrupção levantadas pela Operação Cascalhos de Areia, do Ministério Público Estadual.
Em ofício assinado por todos os parlamentares e encaminhado ao secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Domingos Sahib Neto, a Câmara solicitou cópia dos contratos de prestação de serviço das empresas citadas na operação, documentos que comprovem as ordens de serviço emitidas pela Sisep e a execução dos trabalhos determinados.
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Na semana passada, o vereador André Luis (Rede), autor do requerimento para abertura da CPI, informou que apesar de o ofício ter sido enviado, tentaria conseguir mais assinaturas para abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito. Nesta quinta-feira (6), entretanto, seu entendimento mudou.
“Estamos aguardando uma resposta da Sisep ao ofício da Câmara”, disse o parlamentar. O documento foi enviado em 27 de junho, mas a prefeitura não tem prazo nem é obrigada a responder. Se fosse um requerimento, então haveria obrigação de repassar as informações dentro de 15 dias. No entanto, a base da prefeita Adriane Lopes (PP) tem barrado este tipo de cobrança.
Na operação Cascalhos de Areia, o MPE apura que cinco construtoras simulavam contratos de locação de máquinas e manutenção de vias não pavimentadas para desviar dinheiro do município. Os acordos com a prefeitura somam R$ 405 milhões. A 31ª Promotoria do Patrimônio Público investiga os crimes de peculato, corrupção passiva e ativa e fraude à licitação.
Os principais alvos da investigação são os empresários André Luiz dos Santos, o Patrola, dono das empreiteiras AL dos Santos e ALS Transportes; Mamed Dib Rahim; Edcarlos Jesus da Silva e Paulo Henrique Silva Maciel, sócios das empresas MS Brasil Comércio e Engex Construções; e Adir Paulino Fernandes, da JR Comércio e Serviços.
A apuração teve início com denúncia anônima de que o empresário André Luiz dos Santos, o André Patrola, seria laranja de Marquinhos Trad (PSD) para compra de imóveis. O ex-prefeito diz ser amigo do empreiteiro, mas negou ter feito qualquer negociação.
O juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande, negou o pedido do MPE para investigar os empresários. Os promotores Adriano Lobo Viana de Resende, do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção), e Humberto Lapa Ferri, da 31ª Promotoria do Patrimônio Público, recorreram e conseguiram o aval do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para deflagrar a operação.