Enquanto muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, ainda atuam para melhorar os índices de vacinação contra a covid-19, as nações em desenvolvimento já estão preparando o mercado de medicamentos para prevenção a uma próxima pandemia. O objetivo é impedir a falta de imunizantes, como ocorreu com a pandemia do coronavírus e acelerar a pesquisa por novos fármacos.
A Comissão Europeia fechou acordos com a Pfizer e várias farmacêuticas europeias com objetivo de reservar capacidade para fabricar até 325 milhões de vacinas por ano em caso de uma futura emergência de saúde global. A informação foi divulgada no início da semana.
O acordo abrange as vacinas baseadas em vetores e proteínas e não se relaciona aos acordos de vacinas covid-19 existentes entre a União Europeia e os fabricantes de vacinas, incluindo a Pfizer, cuja sede está nos Estados Unidos.
Comissão Europeia disse que a Europa precisa estar melhor preparada para futuras emergências de saúde
O acordo garante que as empresas estejam prontas para responder a uma crise, mantendo suas instalações atualizadas e monitorando suas cadeias de suprimentos, “incluindo estocagem quando necessário”, afirmou a Comissão em comunicado.
Se uma nova emergência de saúde pública fosse declarada, as empresas “iniciariam rapidamente a produção”.
Mas os ativistas da equidade da vacina disseram que a UE corre o risco de repetir o que a Organização Mundial da Saúde chamou de “apartheid da vacina” durante a emergência da covid-19.
Ativistas criticam medida e reforçam que países pobres continuarão no fim da fila da vacina
“Depois de uma pandemia em que os países em desenvolvimento foram enviados para o final da fila de vacinas e tratamentos, a UE e as empresas farmacêuticas parecem estar planejando fazer tudo de novo na próxima crise de saúde”, afirmou Mohga Kamal-Yanni, co-líder da People’s Vaccine Alliance (Aliança Popular da Vacina).
A Comissão selecionou as fábricas da Pfizer na Irlanda e na Bélgica para reservar a capacidade de produzir vacinas de mRNA. Ele selecionou as empresas espanholas Reig Jofree Laboratorios Hipra SA para reservar capacidade para vacinas baseadas em proteínas e Bilthoven Biologicals BV da Holanda para vacinas baseadas em vetores.
Em comunicado à imprensa, a Pfizer disse que “entende a necessidade urgente de uma melhor preparação e planejamento de resposta a pandemias e tomou várias medidas importantes para se preparar para possíveis surtos globais de doenças futuras”.
Reig Jofre disse que o acordo com a UE reserva capacidade para quatro anos, com possibilidade de prorrogação por um período máximo de oito anos. Nem as empresas nem a UE divulgaram quaisquer detalhes financeiros do acordo.
A Organização Mundial da Saúde instou governos e fabricantes a reservar até 20% de quaisquer testes, vacinas ou tratamentos para a agência global distribuir em países mais pobres para evitar a repetição da “falha catastrófica” durante a pandemia da covid-19, de acordo com um rascunho de um acordo pandêmico global atualmente em discussão.